Algumas Considerações

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Waking Life

Waking Life

Dados do Filme:
Título Original: Waking Life
Gênero: Filme com Rotoscópio
Tempo de Duração: 97 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2001
Estúdio: Detour Film Production / Independent Film Channel / Line Research / Thousand Words
Distribuição: 20th Century Fox Film Corporation
Direção: Richard Linklater
Roteiro: Richard Linklater
Produção: Tommy Pallotta, Jonah Smith, Anne Walker-McBay e Palmer West
Música: Glover Gill
Fotografia: Richard Linklater e Tommy Pallotta
Direção de Arte: Bob Sabiston
Edição: Sandra Adair

Resenha:
Esta resenha foi escrita por Gabriel Vince (B-Side) mas parte das ideias presentes foram de Felipe Bier Nogueira
Waking Life é um filme do diretor Richard Linklater, lançado em 2001 (vindo para o Brasil com o mesmo título) que mistura cenas filmadas sobrepostas a uma película que imita texturas vetorizadas, técnica denominada Rotoscópio, também usada em A Scaner Darkly, uma adaptação de Richard Linklater do livro de Philip K. Dick.
Inicialmente ele rodou todas as cenas do filme com os atores do elenco, e depois, repassou para Bob Sabiston (direção de arte), que com sua equipe de 30 animadores recobriu cada cena atravez da computação gráfica, transformando o filme em um longa de animação.
Cada minuto da edição final de Waking Life requereu dos animadores cerca de 250 horas de trabalho.
Este trabalho serviu para colocar as figuras animadas em um nível de abstração artística, com cores e texturas que “dançam” na tela, dando a ideia de um sonho mesmo.
O filme recebeu 3 indicações ao Independent Spirit Awards, nas seguintes categorias: Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Roteiro.
Ganhou os prêmios Cinema do Futuro e Lanterna Mágica, no Festival de Veneza e ainda recebeu uma indicação ao Prêmio Adoro Cinema 2002, na categoria de Melhor Filme de Animação.
Há muitos detalhes gráficos no filme, muitas analogias a filmes anteriores do diretor, inclusive, alguns personagens do filme já fizeram papeis em filmes anteriores de Linklater.
Os atores Ethan Hawke e Julie Delpy, por exemplo, interpretam os personagens de Antes do Amanhecer.
Em uma outra cena, pode ser visto um homem usando uma camisa promocional de Slacker (1991), primeiro filme dirigido por Richard Linklater.
Explicar o enredo do filme é complicado, porque o roteiro depende de interpretação muito subjetiva daquilo que o diretor quis mostrar.
Alguns defendem que o filme não possue um enredo, é apenas um desculpa para os diálogos, porém, seguindo esse tese, muitas coisas no filme ficam sem sentido, já que mais ou menos na 2ª metade Waking Life a idéia base do filme, "estar consciente dentro de um sonho", é mais explorada.
Se a ideia do filme é só jogar ideias dispersas, então porque ele se preocupa tanto em desenvolver a ideia base do filme ?
Particulamente acho que há sim, uma preocupação em apenas de jogar ideias, porém, acho que elas desenvolvem sim um enredo coerente, todo desenvolvido em um metáfora bastante complexa.
Lendo uma discussão num fórum do Orkut, em uma comunidade sobre o filme até que um comentário de um cara chamado Felipe Bier Nogueira me chamou muito atenção, falando que o personagem protagonista do filme na verdade morreu em um acidente.
A ideia se desenvolveu mais ou menos com apartir da própria lógica e clima do filme, onde o processo de conversar com diferentes pessoas durante o sonho é um processo de auto-conhecimento e do conhecimento intrínseco das coisas. E realmente, até a primeira metade do filme, muita coisa foi dita sobre existencialismo, individualidade, etc.
É possível perceber claramente que à medida que ele vai se dando conta de que ele não consegue acordar, as conversas e os lugares que ele freqüente se tornam mais angustiantes e soturnos.
As dúvidas sobre o que é a realidade e o que é sonho se tornam cada vez mais pertubadoras, e a prórpia hipótese dele estar morto é levantada pelo próprio personagem.
Essa ideia ficou na minha cabeça, a primeira cena, em que ele pega carona numa espécie de “Taxi-Barco”, em que o motorista fica expondo reflexões sobre o curso da vida, e de comparando a vida como um rio que caminha para o mar, eu fiz uma analogia muito forte com Caronte, uma figura mitológica do mundo inferior grego (o Hades) que transportava os recém-mortos na sua barca.
Todo essa construção do filme, talvez para fazer com que o garoto se entregue de vez a sua condição de morto, afinal, conforme ele se conhece, e conhece o mundo ao seu redor, ele pode dizer em qual condição ele se encontra. Essa ideia parece ser desenvolvida várias vezes durante o enredo.
Vou dar o exemplo de uma visão minha de uma cena do filme, que acho que desenvolve bem essa idéia.
Na cena da ponte por exemplo, há uma conversa inquietatne :

A vida é uma questão de um milagre (...) não podemos entender a vida e viver a vida simultâneamente (...) A vida compreendida é a vida vivida, mas o paradoxos me encomodam, e então, posso aprender a amar e fazer amor aos paradoxos que me encomodam (...) isso é auto-conhecimento

O ideia de que não podemos entender a vida e viver a vida simultaneamente é bastante logica...
Enquanto você continuar vivendo. Você não vai conseguir entender o que é a vida, pois você ainda continua nesse processo

A vida compreendida, é a vida vivida

Você so compreende a vida, depois que vive, e depois de viver, a unica coisa que resta é a morte.
Pela lógica do filme você só entende a vida em seu leito morte, o que o personagem principal deve entender é a sua dimensão, e o que ele deve aceitar é essa sua posição, e não apenas aceitar, achar ela boa, deve aprender a fazer amor a esses paradoxos.
O paradoxo da morte é determinante para compreender a vida, é o auto-conhecimento, o auto-conhecimento envolve a sua propria vida, as suas relações de vida, a sua compreensão vem em seu leito de morte.
Quando o personagem finalmente aceita seu estado, aparece ele na cena seguinte, em sua casa de infância e a mesma cena do começo do filme acontece: ele começa a flutuar, mas tenta se segurar na porta do carro. No entanto, dessa vez, ele não consegue. E, como se ele se desprendesse das coisas desse mundo, ele sobe em direção ao infinito e se torno uno com ele.
Isso é uma opnião pessoal, totalmente viajada, mas é ate agora foi a que fez mais sentido pra mim.
O filme é bom, apesar de soar muito pretensioso, e alguns acusarem de ser o tipico filme para pseudo-intelecutal, acho o filme interessante, mesmo porque eu ainda não consegui formar um sentido definitivo para ele, realmente não sei exatamente qual é a do Linklater, só sei que o filme conseguiu me deixar pensativo em muitos momentos, e é o que faz ele valer apena.
O problema de Waking Life é justamente não dar tempo para pensar.
Você deve ver o filme varias vezes para conseguir “linkar” um dialogo com outro (isso se for “linkável” .. hauehuahaa), na sua 1ª metade são inúmeras as questões apresentadas através de seus personagens, uma atrás da outra incessantemente, sem dar tempo ao expectador de refletir sobre o que foi dito pois senão perderia um pedaço da questão seguinte. Acaba sendo um amontoado de idéias gerais, algumas realmente merecendo uma maior reflexão, o que o próprio ritmo do filme impede que ocorra.
O filme chegou a ser definido como um conjunto de "buscas, encontros, perdas, auto-justificativa humana, racionalidade, na tentativa de se encontrar e se justificar, uma bela síntese resumida num emaranhado lúcido e convincente espelho da sociedade".
Enfim, assistam sem medo de serem taxados como pseudo-intelectuais caquéticos... hahahhahahahhaa...
Abraços!

Nenhum comentário: