Algumas Considerações

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quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Pink Floyd - The Wall

The Wall - Pink Floyd

The Wall é um album conceitual do Pink Floyd lançado em 1979, aclamado por críticos e fãns de todo mundo como um dos melhores albuns do Rock'n Roll, recebendo 23 discos de platina, ficando na terceira posição dos albuns mais vendidos de todos os tempos nos EUA, e alcançando o topo da lista da Billboard em 1980.

Contexto
A inspiração de Waters para compor essa obra prima do Rock'n Roll se deu inicialmente com um concerto da disgressão de Animals em 1977.
O nome dessa turnê, batizou 2 músicas do disco, "In the Flesh" e "In the Flesh ?".
Ocorreu, é que durante essa turnê, Roger Waters estava passando por um estado patológico de depressão e neurose, que impelia ele a se isolar do mundo, de seus amigos, encontrando apenas na música, algum conforto e foi neste estado que ele escreveu "The Wall" e "The Pros and Cons of Hitch Hiking", este último sendo escolhido por ele mesmo e pela banda para ser uma iniciativa solo, por ter sido considerado muito pessoal.

The Wall, que significa "o muro" em português, é um arquétipo abstrato do sentimento de angústia, que nos joga para uma isolação inconsciente, nos dando a impressão de que não existe saída para nossos problemas.

Brigas internas
Foi nesse disco que a banda começou a se dissolver, as desavenças entre Waters e o tecladista Richard Wright chegaram num ponto insuportável para ambos, o que acabou com a demissão do finado tecladista, que apesar disso, continuou na banda apenas para dar continuidade nos concertos ao vivo do disco, porém sendo considerado e pago como músico contratado

O clima tenso entre os integrantes durante a gravação do disco pode ser conferido nas citações abaixo:

"As gravações foram muito tensas, principalmente porque Roger estava começando a ficar um pouco doido. Já estava tudo gravado quando ele brigou com Rick. Rick tem um estilo próprio, muito específico para o piano e ele não estava conseguindo compor nem adaptar com facilidade. Isto é um grande problema quando as outras pessoas estão discutindo quem fez o que e quem leva os créditos. Roger e Dave estavam trabalhando como uma dupla, colocando-me de lado. Houve momentos em The Wall em que os dois fizeram tudo. Rick estava incapacitado e eu não podia fazer nada para ajuda-los."
Nick Mason (baterista)

"Nós tinhamos um estúdio no sul da França, onde Wright ficava hospedado. Os outros alugaram casas a cerca de 20 milhas de distância. Íamos para nossas casas de noite e dizíamos a Rick 'Faça o que quiser, aqui estão as trilhas, escreva algo, inclua um solo, faça algo. Você tem todo o tempo do mundo para fazer isto.'. Durante todo o tempo em que estivemos lá, e foram vários meses, ele não fez nada. Ele não era capaz de tocar nada!"
David Gilmour(guitarrista)

"Roger nos apresentou o álbum em um demo, e todos sentimos que era potencialmente muito bom, mas musicalmente fraco, muito fraco. Bob Ezrin, Dave e eu trabalhamos nele para torná-lo mais interessante. Mas Roger e seu grande ego daqueles dias ficavam dizendo que eu não estava me dedicando o bastante, apesar de não me deixar fazer nada. A crise veio quando nós todos saímos de férias depois do fim das gravações. Uma semana antes das férias terminarem recebi uma ligação de Roger, que estava na América, convocando uma reunião do grupo imediatamente, onde disse que queria que eu abandonasse a banda. A princípio recusei. Então Roger disse que se eu não saisse após o lançamento do álbum ele abandonaria o grupo naquele instante e levaria as gravações com ele. Não haveria álbum nem dinheiro para pagar nossas enormes contas. Tive que aceitar, tinha duas crianças para criar. Foi terrível. Agora eu sei que errei, era um blefe de Roger. Mas eu realmente não quero mais trabalhar com esse cara nunca mais."
Richard Wright (tecladista)

Ironicamente ele foi o único a ganhar dinheiro, já que o custo dos shows era tão elevado que o grupo simplesmente levou prejuizo. Wright, como contratado, recebeu seu salário e saiu limpinho.


Análise do disco:

Considerações Iniciais

A análise do disco que farei abaixo terão a visão do disco propriamente dito, com citações de letras e do que entendi delas, e a visão do diretor Alan Parker, em seu filme, "The Wall" inspirado no disco.
Portanto, antes de começar a ler, saiba haverá Spoilers do filme abaixo.

Cartaz do filme de Alan Parker, baseado no disco da banda


In the Flesh ?

Essa música faz uma referência a uma confusão feita por um fã num show da turne desse mesmo nome (disgressão do disco Animals), onde Roger Waters, teria cuspido na cara dele por incomodar a banda numa apresentação feita em Montreal.


Então você resiste você gostaria de poder ir ao show Para sentir o calor vibrante da confusão Este cadete do espaço em incandescência Diga-me alguma coisa esquivando querido?

Isto não era o que você queria ver? Se você quiser encontrar o que esta por trás deste olhos frios Você terá de ter garra em seu caminho com este difarce

A visão de Alan Parker no filme The Wall.
Alan Parker, baseando-se na propria vida de Roger Waters, transforma o significado da música para algo mais profundo.
Na música, Floyd (o personagem principal do filme, interpretado por Bob Geldof) relembra o primeiro desastre inevitavel da sua vida, a perda de seu pai na 2° guerra mundial (o pai de Waters realmente morreu nessa guerra).
No filme há cortes de cenas, hora de um protesto feito por jovens (sendo repreendidos por policiais), hora soldados correndo num front em pleno bombardeio. A relação dessas cenas são quase metafóricas.

The Thin Ice
Os primeiros versos dessa música faz referência a infância de Waters, e parece ser um terno afago de sua mãe, na tentativa de consolar o pequeno pela morte de seu pai.

Mamãe ama o seu filho E papai também o ama E o mar pode parecer revolto para você baby E o céu pode parecer azul Ooooh bebe Ooooh bebê tristre (ceu azul) Ooooh bebe
Ps: A expressão "Baby Blue" tem duplo sentido na música, tanto pode ser "Azul Claro" se referindo ao céu azul, continuando a ideia dos primeiros versos antes do refrão ou pode ser bebê triste, que se refere mais especificamente ao pequeno waters, e seu estado de espirito.

Ambas as frases se encaixam bem no entendimento da música.

Os versos seguintes são ainda mais interessantes

"Se você fosse patinando Sobre o gelo fino da vida moderna Arrastando atrás de você a censura silenciosa De um milhão de olhos cheios de lágrimas Não ficaria surpresa, quando uma racha no gelo Aparecesse debaixo de seus pés Você deslizaria na sua profundidade e sairia fora de si Com seu medo fluindo atrás de você Enquanto você arranha o gelo fino."
A vida moderna aqui é comparada a um gelo fino, o que da uma ideia de superficialidade, e esse gelo pode se romper a qualquer instante.
Estamos patinando, arranhando esse gelo fino, sem nos darmos conta de sua fragilidade. Estamos cegos pelo nossa propria individualidade, e ignoramos o perigo em não caminhar numa base de ideias sólidas e firmes.

A visão de Alan Parker
Alan Parker no filme continua introduzindo o tema GUERRA na trama, o primeiro (e talvez, principal) absurdo da vida de Pink

Another Brick on the Wall
"Papai se foi através do oceano, Deixando apenas uma lembrança: Um instantâneo no álbum de família. Papai, o que mais você deixou para mim? Papai, o que você deixa para trás, para mim? No total, foi apenas um tijolo no muro, No total, foi tudo apenas tijolos no muro... "

Como pode se perceber, Waters se foca claramente nessa música com a morte do pai.
Há uma certa disparidade entre o filme e o album.
No filme, a questão da morte do pai do Waters ja é tratada logo no inicio, com a música In the Flesh ?, que originalmente no disco, apenas conta sob o evento ocorrido na disgressão do disco Animals.
Se seguirmos o disco em si, nos damos conta que essa é originalmente a primeira música a tratar o tema da morte do pai, e o quanto ele sentiu falta dele na infância.

A visão de Alan Parker
Alan Parker foi bem coerente com a música,
Quando a música é tocada, é mostrada na cena, o pequeno Pink no parque sozinho, onde ele encontra um simpatico homem e pede para ele por em cima de um brinquedo.
Pensando ter encontrado um pai, Pink começa a seguir ele, e logo é rejeitado pelo simpatico homem.

Isso mostra bem a ideia de solidão, e a falta que Waters sentia do pai.

Assim, o muro ganha sua pedra fundamental, seu primeiro tijolo. Afinal de contas, a morte do pai na guerra foi para Floyd apenas um tijolo no muro, como diz a música "Another Brick in the Wall".

The Happiest Day of Our Live
O dia mais feliz de nossas vida. Essa música é apenas uma introdução temática a musica que se segue... Another Brick on the Wall (Part II)...

"Quando nós crescemos e fomos para a escola Haviam certos professores que machucavam a criança de qualquer forma possível Zombando de qualquer coisa que faziamos E expondo qualquer fraqueza Tão bem escondida pelas crianças Mas na cidade era bem sabido Que quando eles iam para suas casas a noite Suas gordas e psicopatas esposas esmigalhavam cada pedacinho da vida deles."

O sarcasmo e a violência com que os professores tratam os alunos (segundo Waters) na sala de aula são atribuídos aos problemas que eles (professores) enfrentam em casa com suas "esposas psicopatas e gordas".
Essa visão é fielmente representada por Alan Parker no filme


Another Brick on the Wall (Part 2)
Sem sombra de dúvida, a canção mais popular do disco.
Ela põe em discussão qual é o papel de um dos alicerces de nossa sociedade, que é a educação. Eu particulamente acho que essa canção é uma espécie de revisão de uma música de 1972 de Alice Cooper, Schools Out, que também demonstrava essa ideia de descontentamento com a escola, porém, a musica de Alice segue num tom mais festivo, enquanto a do Floyd vai para um lado mais sagaz, político e direto, tanto que o refrão da música mostra bem isso "We don't need education".
Comparações a parte, há curiosidades interessantes sobre essa música.
Waters teve a ousada ideia de usar um grupo coral estudantil para cantar o polêmico refrão da música, o que o deixaria ainda mais polêmico, colocar as próprias crianças para cantar contra a educação, seria algo mal visto até nos dias de hoje.
O grupo foram até a famosa Islington Green School, e interrompendo uma aula, fizeram o convite aos alunos para a gravação do refrão, que seria editado e sobreposto a música.
A voz do grupo coral foi sobreposta ainda doze vezes para dar a impressão de que haviam mais gente cantando.

Colégio Islington Green School

Apesar do colégio receber um pagamento de mil libras, não houve operações contratuais para royalties. Pela lei de copyright de 1996, o coro ficou elegível a ganhar royalities. Os alunos foram reunidos por um site da internet e processaram a banda. Especialistas dizem que cada aluno ganhou o equivalente a quinhentas libras e uma cópia do disco The Wall.

A visão de Alan Parker
Acho que de todas as cenas, essa foi a maior demonstração genialidade de todo o filme.
Além de encaixar perfeitamente a música com a cena, Alan Parker construiu uma sequência de cenas que definem muito bem a questão alienação na educação, representada pelas máscaras com botões no rosto das crianças, trazendo a tona, questões como a perca da identidade própria, e a escola como uma fábrica, comparando a educação com um processo industrial.
Vale lembrar também a clássica cena do pequeno Pink imaginando a escola sendo destruída, ao som do magnifíco solo de Gilmor.

Mother
"Mãe, você acha que eles jogarão a bomba? Mãe, você acha que eles gostarão dessa música? Mãe, você acha que eles tentarão me castrar? Mãe, eu devo construir o Muro? Mãe, eu devo concorrer para Presidente? Mãe, eu devo confiar no Governo? Mãe, eles me colocarão na linha de fogo? Mãe, Isso é só uma perda de tempo? Filho, fique quietinho agora, não chore Mamãe irá fazer todos os seus pesadelos virarem verdade Mamãe ira colocar todos os medos dela em você Mamãe vai manter você bem debaixo da asa dela Ela não lhe deixa voar, mas talvez lhe deixará cantar Mamãe lhe deixará aconchegado e aquecido Ooooh bebê, Oooooh bebê, Ooooh bebê Claro que mamãe irá lhe ajudar a construir o Muro Mãe você acha que ela é boa o bastante -- para mim? Mãe você acha que ela é perigosa -- para mim? Mãe, ela vai rasgar seu Menininho em partes? Mãe, ela irá quebrar meu coração? Filho, fique quietinho agora, não chore A mamãe vai checar todas as suas namoradas pra você Mamãe não irá deixar ninguém sujo se aproximar Mamãe vai esperar, até que você entre Mamãe vai sempre descobrir por onde você esteve Mamãe vai sempre manter o bebê saudavel e limpo Ooooh bebê, Oooooh bebê, Ooooh bebê Você sempre irá ser uma criança para mim Mãe, precisava ser tão alto?"

Esse é um outro fator que influenciaria a personalidade de Waters (ou Pink), a superproteção da mãe, em várias questões de sua vida, principalmente em sua vida amorosa.
"Claro que mamãe irá lhe ajudar a construir o Muro"

A visão de Alan Parker
O relacionamento entre 2 pessoas é mais explorado durante a execuçao da música, e não enfoca muito a relação do personagem com sua mãe, Alan Parker atentou mais para a consequência dessa superproteção materna em relação aos relacionamentos de Pink, como é dito na propria letra.
No filme, aparece um contraponto entre o menino curioso, que observa a vizinha trocando de roupa com o binóculo, e o homem revoltado, que prefere o jogo de futebol (observe que nem no jogo ele presta muita atenção) do que fazer amor com sua mulher. A sua introspecção fez com que ele perdesse até mesmo o seu desejo sexual, um claro indício de depressão.


Goodbye Blue Sky
Faz uma clara alusão a guerra, e questiona os motivos que se usam para entrar em combate, o pai de Waters teria morrido em vão.

"Você viu eles assustados? Você escutou as bombas caindo? Você ja se perguntou porque nós temos que correr para se proteger quando a promessa por um mundo novo e corajoso abriu embaixo de um lindo céu azul?"

A visão de Alan Parker no filme The Wall.

Nessa música, pode-se notar uma crítica severa ao governo, mais especificamente o inglês, lógico, ambientando o filme para a vida de Waters.
Existe uma cena antológica do filme, em animação, apresentando uma bandeira inglesa que se despedaça se transformando em uma cruz fincada no chão, e que começa a sangrar, fazendo uma referência clara ao que se esconde atrás da propaganda patriota que se faz em tempos de guerra, mostrando o verdadeiro significado que se esconde atrás do ideal de defender a bandeira de seu pais.

Cena de Good Bye Blue Sky

Empty Spaces
" O que devemos usar para preencher espacos vazios? Onde costumávamos falar? Como devo preencher os últimos lugares? Como posso completar o muro? "
A letra dessa música reflete um momento de solidão de Waters, e sua dúvida de como se deve preencher esse espaço vazio "Empty Space".

Visão de Alan Parker
Essa reflexão é feita depois que Pink tenta ligar para sua esposa, e é ignorado 2 vezes, a telefonista revela ser uma voz masculina na linha, e Pink contasta sua traição.
Depois dessa cena, há a entrada da introdução da música (fantástica por sinal), e uma das mais interessantes animações do filme.
Para representar uma briga conjugal, a sequência de animação apresenta 2 flores brigando. No inico elas, se esfregam e se acariciam, mostrando bem como é o começo de qualquer relação amorosa. Em um certo ponto, é quase evidente a representação nos desenhos de uma relação sexual, pois as flores tomam formas próximas a de órgãos genitais.
Para representar essa traição, a flor que representa a mulher (que tem a forma de um clítoris), fica maior, e engole a flor que representa o homem (com forma de pênis).

Empty Spaces, na versão do filme é estendida, ganhando uma segunda parte "What Shall We Do Now?", que completa o sentido da primeira parte.

" O que faremos para enchermos os espaços vazios? Onde ondas de fome urram Nós devemos atravessar o mar de rostos? À procura de mais e mais aplausos Devemos comprar uma nova guitarra? Devemos dirigir um carro mais potente? Devemos trabalhar a noite toda? Devemos ter dentro de nós, espírito de luta? Deixe as luzes acesas As bombas caírem Viaje para o oriente Contraia doenças Enterre os ossos Destrua as casas Envie flores pelo telefone Tome um drink Vá a um psicólogo Deixe de comer carne Durma poucas vezes Trate as pessoas como se fossem uns animais de estimação Treine os cachorros Para correrem atrás dos ratos Encha o sótão de dinheiro vivo Enterre o tesouro Armazene o tédio Mas de maneira alguma relaxe Com nossas costas viradas para o muro "
Os espaços vazios tem que ser completados de alguma forma, seja pela fama e o estrelato "À procura de mais e mais aplausos", seja pelo consumismo "Devemos comprar uma nova guitarra?/Devemos dirigir um carro mais potente?".
A falta de algo sólido para completar esse vazio o torna iludidamente mais feliz, a última estrofe revela e alterta isso, "Mas de maneira alguma relaxe/Com nossas costas viradas para o muro".
Podemos entender dessa última frase, nos exorta a nunca virar as costas para o muro (nossos problemas), não podemos simplismente fingir que o "muro" não está lá, só porque estamos "de costas" e não conseguimos enxergá-lo, por mais que essa ideia de reelaboração cognitiva nos conforte.

Young Lust
Essa música representaria uma outra forma de preencher o vazio, através da luxuria.

" Eu sou apenas um novo cara Um estranho nesta cidade Onde estão os bons tempos? Quem vai mostrar o lugar para este estranho? Eu preciso de uma mulher safada Eu preciso de uma garota safada Será que tem alguma mulher nesta terra deserta que me faça sentir como um verdadeiro homem? Leve este refugiado do rock and roll Ooh, amor, me liberte Eu preciso de uma mulher safada Eu preciso de uma garota safada Eu preciso de uma mulher safada Eu preciso de uma garota safada "
A visão de Alan Parker No filme de Alan Parker, há uma divertidissima sequência de cenas em que aparece as groupies de Pink, se infiltrando num backstage cheios de roadies, e fazendo uma "festinha", coisa que, como sabemos muito bem, sempre ocorre nesses meios artísticos.
Mais uma vez, a música muito bem sincronizada com o filme, as mulheres parecem acompanhar a música de forma impecavel, uma sequência interessante, um riff de guitarra sincroniza perfeitamente com uma cena de um suposto sexo oral de uma groupie com um policial, acho esse elemento típico do musical fantástico.

One of My Turns
" Dia após dia, o amor esmorece Como a pele de um homem morrendo Noite após noite, nós fingimos que está tudo bem Mas eu envelheci e Você cresceu mais fria e Nada mais é mais tão divertido. " Até esse ponto, o descontentamento afetivo de Waters se torna bem evidente, mostrando bem as visceras das relações afetivas, e o que ele se torna depois de um certo momento

" E eu posso sentir uma de minhas crises chegando. Eu me sinto frio como uma lâmina de barbear Apertado como um torniquete Seco como um tambor fúnebre Corra para o quarto, na mala da esquerda Você achará meu machado favorito Não olhe assim tão assustada Isto é apenas uma fase passageira Apenas um de meus dias ruins Você gostaria de assistir T. V.? Ou ficar entre os lençóis? Ou contemplar a estrada silenciosa? Você gostaria de comer alguma coisa? Você gostaria de aprender a voar? Você gostaria de me ver tentar? Você gostaria de chamar a polícia? Você acha que é hora de eu parar? Por que você está fugindo? "
Nessa parte a música se torna mais estérica, dando a ideia de uma explosão de raiva mesmo.
Da pra sentir o clima de fúria apenas lendo as letras.

A Visão de Alan Parker
No filme, Pink leva uma das fãs até seu trailer, e o que se segue não é o que se esperava, o sexo, mas sim uma das mais chocantes cenas do filme, onde Pink, em uma de suas crises (One of My Turns) sai quebrando tudo em seu trailer em cima da garota, que acaba fugindo, "Por que você está fugindo?".

Diferenças entre o conceito do filme e do disco
Em uma resenha muito interessante que li sobre o filme, de Erico C. Pezzin (muito desta resenha se deve a visão dele sobre o filme), publicada no site Whiplash, se faz uma reflexão interessante sobre algumas disparidades entre o roteiro do filme e o conceito do disco.
A música Empty Spaces fala na verdade sobre a fase de pré-adolescencia, onde nossos desejos sexuais começam a aflorar, e o espaço vazio a que se refere o título é a necessidade de se relacionar com o sexo oposto.
Estes desejos se aprofundam ainda mais em Young Lust: "preciso de uma mulher safada...". Enquanto a letra da música sugere um "grande interesse" de Floyd por mulheres, no filme ele é o único que não participa da "festinha". Seria só nesta música então que ele conheceria sua mulher, e não em "Mother".

Continuando...
Don't Leave Me Now
Essa música mostra uma cena de arrependimento
Na origem da palavra, arrependimento quer dizer mudança de atitude, ou seja, atitude contrária, ou oposta, àquela tomada anteriormente.
O que víamos anteriormente em One of My Turns é um estado de euforia e raiva, o que vemos agora é o remorso e o medo da solidão.

"Não me deixe agora
Não diga que é o fim da estrada
Lembre-se das flores que enviei
Eu preciso de você Baby"

A personalidade impulsiva afasta as pessoas ao seu redor, e só percebemos isso quando estamos sozinhos. A solidão ensina aqui o valor da companhia.

Another Brick on the Wall (Parte 3)
Parece que estamos aqui diante de um caso de bipolaridade, uma variação extrema de humor.
Essa letra retoma a raiva de One of My Turns.

"Não preciso de braços em volta de mim
E não preciso de nenhuma
Droga para me acalmar
Eu vi a pichação na parede
Não vá pensar que eu preciso de coisa alguma
Não!não pense que precisarei
De coisa alguma
Ao todo, foram apenas tijolos no muro
Ao todo, vocês foram
Apenas tijolos no muro"

O estado que Waters se encontra nesse momento é fruto da somatória de todos os ocorridos em sua vida, a morte de seu pai seria um tijolo, sua educação seria outro tijolo, a superproteção de sua mãe outro tijolo, a traição de sua mulher outro tijolo em sua parede.
"Vocês não passam de tijolos no muro"

No filme de Alan Parker esse é o momento em que Pink arrebenta uma televisão e logo depois passam "flashs" de memória, onde relembra tudo o que aconteceu para ele estar naquela lamentável situação.

O muro está completo, logo em seguida, aparece Pink encarando seu próprio muro, tentando achar alguma passagem, alguma saída.
É nesse momento ele se da conta de quão alto esta esse muro, entrando assim num estado de extrema depressão.

Goodbye Crue World
"Adeus mundo cruel
Estou lhe deixando hoje
Adeus
Adeus
Adeus
Adeus para todas as pessoas
E não há nada que você possa falar
Pra mudar meu pensamento
Adeus.
"
A extrema depressão de Pink se revela ai, o mundo já não faz mais sentido, a visão de Alan Parker revela isso muito bem, como veremos abaixo.

Do mundo exterior para o mundo interior
Depois de se dar conta da altura do muro, Pink passa a não mais viver, interessante notar que apartir dai, o filme se torna de mais simbólico, Pink começa a viver apenas no mundo que há dentro de seu próprio muro, que aparitr de agora, deixa de ser uma abstração de sua mente e se torna de fato "real" (para ele).
A história se desenrola em duas linhas: a da vida real e a das viagens dentro do muro.

Hey You
Essa música não apareceu no longametragem de Alan Parker, mesmo assim vou analizar a música pelo conceito. Nela, vemos um pedido de ajuda, uma necessidade de atenção especial, pois sozinho ele se dá conta que não consegue se libertar do muro.

Ei você,
Você me ajudaria a carregar a pedra?
Abra seu coração, estou indo para casa

Mas era apenas fantasia
O muro era muito alto, como você pode ver
Não importa o quanto ele tentasse, ele não poderia se libertar
E os vermes comeram seu cérebro

Is There Anybody Out There ?

"Tem algúem aí fora?
Tem algúem aí fora?
Tem algúem aí fora?
Tem algúem aí fora?"

Pink se sentindo mais sozinho do que nunca, essa música com apenas uma frase exprime todo o anceio dele em querer se comunicar, de demonstrar seus sentimentos.

Nobody Home
Seguindo a mesma ideia de viagem ao mundo interior de Pink, essa música é uma espécie de jornada em sua memória, o conceito do disco pelo visto se torna cada vez mais onírico e de dificil compreensão.

"Eu tenho um pequeno livro preto
Com meus poemas dentro dele
Eu tenho uma bolsa com uma escova de dente
E um pente dentro dela
Quando eu sou um cachorro bonzinho
Ás vezes eles me jogam um osso
Eu tenho fitas elásticas que mantêm meus sapatos amarrados
Tenho aquelas vaidosas mãos azuis.
Tenho treze canais de merda na TV para escolher
Eu tenho luz elétrica
E eu tenho intuição
Eu tenho surpreendentes poderes de observação
E isto é o que eu sei
Quando eu tentar conversar
No telefone com você
Não haverá ninguém em casa
Eu tenho o obrigatório cabelo permanente de Hendrix
E eu tenho as inevitáveis queimaduras de alfinete
Todas debaixo da minha camisa de cetim favorita
Eu tenho mancha de nicotina nos meus dedos
Eu tenho uma colher prateada numa corrente
Eu tenho um grande piano para sustentar meus restos mortais
Eu tenho olhos selvagens
Eu tenho um forte desejo de voar
Mas eu não tenho para onde voar
Ooooh Baby quando eu pegar o telefone
Ainda assim não haverá ninguém em casa
Eu tenho um par de botas Gohills
E eu tenho raízes enfraquecidas."

Vera
"Alguém aqui se lembra de Vera Lynn?
Se lembra como ela disse que
Nos encontraríamos novamente
Num dia ensolarado
Vera! Vera!
O que aconteceu com você?
Alguém por aqui
Sente o mesmo que eu?"

Só para contextualizar, a dita Vera Lynn na música foi uma cantora inglesa que virou ícone na época da 2ª guerra mundial.
Na inglaterra, em todas as casas é possivel encontrar pelomenos um disco de vinil ou cd, ou ainda uma fita cassete dela.

A música reproduz uma das suas mais famosas canções, We'll Meet Again.
Essa música foi composta em 1942, em plena 2ª Guerra Mundia, e de imediato ganhou um apelo entre as pessoas que tinham alguem querido distante, separados pela guerra, sem saber ao certo, como tudo aquilo terminaria.
Essa música se tornou quase o hino oficial, o slogan da 2° Guerra.

Essa música não representa bem uma homenagem a cantora, não me parece essa a intenção, mas apenas se encaixar no conceito do disco.
O pai de Waters (Pink) morreu na 2° guerra, o que entra em contraponto coma a mensagem de esperança deixada na musica de Vera. Essa esperança já esta perdida, ele já perdeu seu pai, não tem mais como voltar."Vera! Vera!/O que aconteceu com você?"

Considerações especiais...
No filme de Alan Parker as canções "Is There Anybody Out There", "Nobody Home" e "Vera" são representadas por Pink vagando pelo mundo dentro do muro.
Essas músicas representam um período de reflexão sobre todos os motivos que deram origem a cada tijolo.
A mente de Pink vaga em cenas do seu passado, misturados a sua imaginação, fazendo ele imaginar coisas horriveis, como seu pai foi morto na trincheira, e logo depois vendo a si próprio, na idade adulta, abandonado em um canto de um sanatório.

Bring the Boys Back Home
Essa música ainda esta ambientada no tema "Guerra".
No filme de Alan Parker ela é representada num "flashback" de Pink, que se vê em uma estação ferroviária, onde desembarcam diversos soldados vindos da Guerra, e vários entes queridos destes soldados prontos para uma calorosa recepção.
Pink, fica na estação de trem, na expectativa de seu pai estar lá, mas ele não aparece, a estação se esvazia e ele fica sozinho.

Confortably Numb
Essa música é o limite máximo da tristeza, a depressão em seu cúmulo.
Não há nada mais o que se fazer, só lhe resta desisistir, nada mais importa, você se torna aqui um ser sem vida, incapaz de se comunicar, "
Seus lábios se movem, mas eu não consigo ouvir o que você está dizendo".

Quando se fala em "confortavelmente entorpecido", devemos ver não necessariamente como uma sensação de alívio, mas sim de conformação que não é necessariamente aliviatória.
A conformidade com os fatos e com a realidade, é de certa forma um suicídio, você é incapaz de reagir ao meio externo, e passa a literalmente estar morto em vida.

O interessante é que essa letra apresenta no mesmo plano o "mundo interior" e o "mundo exterior", e de como isso já não importa mais. O filme representa bem isso, mostrando simultânemanete o mundo real e o mundo "dentro do muro".

A visão de Alan Parker
No filme, há uma mistura entre cenas do mundo real e o do muro. Floyd está confortavelmente entorpecido em seu quarto, e é encontrado pelos empresários e companheiros de banda. Os médicos tentam reanimá-lo com uma injeção ("Ok, é apenas uma picadinha de agulha!"), ao mesmo tempo em que as péssimas lembranças de sua vida perturbam a mente do personagem.
Há um momento crucial na historia que é quando Floyd consegue se livrar da sua pele, e por debaixo dela, aparece um uniforme militar com o desenho de 2 martelos cruzados.

O sentido dos martelos.
O martelo no conceito do filme, representa desejo intrínseco do personagem destruir o muro, em se libertar das angústias e viver normalmente.
Pink construiu esse muro para se isolar do mundo, e agora quer derrubá-lo.
Para entender esta aparente contradição você deve se colocar no lugar da personagem.
O isolamento (ou o muro), não foi algo desejado por Pink, foi consequência de fatores externos que o impeliram a ele formar essa parede, um desejo do seu inconsciente em se isolar.
Citando um pouco de psicologia, esse isolamento social involuntario é descrito por Freud como um mecanismo de defesa como qualquer outro. Não se caracteriza portanto numa escolha consciente e racional do personagem.

continuando...
The Show Must Go On
Essa música é uma das que não foram incluídas no filme de Alan Parker.
Ela parece ser uma continuação temática da Confortably Numb.
Tem uma parte em Confortably Numb que diz
"O.K. Apenas uma picadinha Não haverá mais... aaaaaahhhhh! Mas você pode se sentir um pouco enjoado Pode se levantar? Acho que está funcionando, ótimo. Isso vai te manter acordado durante o show Vamos, está na hora de ir"

Essa música parece se ambientar mais em um momento da vida artística de Roger Waters.
Ele teria ficado hiperdepressivo antes de um show e para poder continuar a apresentação deve ter tomado uma injeção de ânimo, que pode ser muito bem interpretado como uma droga.

In the Flesh
Depois de ter chega ao "fundo-do-poço" em Confortably Numb, uma personalidade mais obscura e odiosa se aflora fazendo com que ele torna-se uma outra pessoa.

"Pink não está bem, ele ficou no hotel
E eles nos mandaram pra cá com uma banda substituta
Nós vamos descobrir o quanto fãs vocês realmente são"

A sua personalizade é representada metaforicamente como a de um nazista.

"Há alguma bicha no teatro esta noite?
Ponha-os contra o muro!
Lá está um na luz do holofote, ele não parece direito pra mim
Ponha-os contra o muro!
Aquele parece ser judeu!
E aquele é um negro!
Quem deixou toda essa escória entrar?
Tem alguém fumando maconha e outro com manchas!
Se eu tivesse minha chance
Eu fuzilaria todos vocês! "

Run Like Hell
Segue a mesma linha de ódio da música anterior.
No filme de Alan Parker, tanto a música "In the Flesh" quanto a "Run Like Hell" fazem parte de uma sequência de cenas em um grande auditorio, representando metaforicamente um lider político nazi-fascista.

"É melhor você colocar aquele seu disfarce favorito, com os olhos cegos de botão..."

As mesmas máscaras apresentadas na cena de Another Brick on The Wall (Parte 2) são apresentadas também nessa sequência, também coma função de passar a mesma idéia de alienação, massificação e destruição da individualidade.

Waiting for the Worms
Essa música retoma o espirito de depressão visto na musica Goodbye Cruel World.
Waiting for the Worms
pode ser interpretado como uma espera pela morte, considerando o processo de decomposição do corpo, onde os vermes vem se alimentar dos cadáveres.

"Sentado numa arca aqui atrás do meu muro
Esperando os miseráveis chegarem
Num isolamento perfeito aqui atrás do meu muro"

Isolado em seu mundo dentro do muro, não lhe resta muito o que fazer a não ser esperar pelos vermes, esperar pela morte.
Considerando os vermes como uma metáfora para morte, há uma passagem interessante na letra.

"Você gostaria de ver a Grã Bretanha
Reinar novamente meu amigo?
Tudo que você tem a fazer é seguir os vermes
Você gostaria de enviar nossos primos coloridos
Para casa novamente meu amigo?
Tudo que você precisa fazer é seguir os vermes."

Aqui vai uma crítica direta aos nacionalistas, no caso, os bretões nacionalitas, aqueles que ainda sonham com a volta da supremacia do seu povo.
O que eles precisam fazer é apenas "seguir os vermes", que pode ser entendido aqui nesse trecho como o exército.
Foi pelo ideal de nacionalismo que o pai de Waters morreu numa guerra, fazendo dessa música além de uma crítica, uma leve representação de uma amarga lembrança.
A visão de Alan Parker.
"Waiting for the Worms", além de fazer referência à enganosa propaganda nazista, é o momento da guerra entre os "martelos" e os "tijolos". Representa nossa luta contra o isolamento e suas causas.
Vemos isso muito bem representado na parte animada da música, onde aparecem vários martelos "marchando" em direção a uma parede.

Stop
O muro é mais forte, e em "Stop", Floyd se cansa de lutar. Em seu devaneio, ele é preso por ser "nazista". Na linha real, o guarda encontra "Floyd" cansado do show e sentado no canto de um sanitário, bebericando um pouco da água da privada.

The Trial
Para mim, essa é a música conclusiva do disco.
A cena no filme de Alan Parker é toda feita em animação, onde cada pessoa que participa da sessão é representada por um desenho louco.
Floyd vira apenas um simples boneco de pano, sem movimento, sem vida, ilustrando a incapacidade dele de se defender das acusações.
Na cena podemos perceber a presença do professor, representado por um fantoche, a mãe (onde o abraço dela se transforma em um muro, a esposa, representada ora por uma serpente, ora por um escorpião.
Temos também "a sociedade" representada por uma única entidade, justamente a entidade julgadora, o Juiz. Ele é então posto como culpado por construir seu proprio muro, e este Juiz (a sociedade) exige que ele "derrube o muro".
A sociedade exige isso dele, não se importando se os motivos que levaram Floyd ao isolamento são válidos. O que importa é que Floyd é um isolado e não pode mais sê-lo. Portanto, o muro deve ser quebrado. E assim se faz.
Imaginamos os padrões de aceitação da sociedade como um círculo, todos dentro desse círculo são pessoas normais, e qualquer um que esteja fora desse círculo deveria ser surrado, quebrado, refeito e trazidos de volta para dentro do circulo.


Promotor:
Bom dia, verme sua excelência.
A coroa pretende mostrar que
O prisioneiro diante de você
Foi pego em flagrante mostrando sentimentos
Mostrando sentimentos de uma natureza quase humana;
Isto não presta
Chamem o mestre!

A primeira acusação vinda do promotor é do crime de ter mostrado seus sentimentos.
Essa é uma acusação é vista como um crime cometido a sí mesmo, é importante ler a letra de "Stop"pois ela é a causa dele ter sido posto no tribunal.

"Pare
Eu quero ir pra casa
Tirar esse uniforme
E deixar o show
E eu estou esperando aqui nesta cela
Porque eu preciso saber
Se fui o culpado todo esse tempo"

Depois da morte de seu pai, e depois dele ter se tornado aquilo que mais odeia (um tipo de "nazista"), a música Stop representa um sentimento de cansaço e remorso.
O remorso é a inquietação da consciência por uma culpa, é um sentimento de natureza humana, e é o primeiro passo para o encontro do bem, considerando que ele não existe onde o senso moral ainda se acha em estado latente.
Parte da sua consciência tenta trazê-lo de volta a seu estado anterior, considerando o remorso como algo inútil, "Isto não presta".

"Professor:
Sempre disse que não daria boa coisa, excelência.
Se me deixassem fazer à minha maneira
Eu o colocaria na linha.
Mas minhas mãos estavam atadas,
Os mais sensíveis e os artistas
Perdoavam-lhe tudo.
Deixe-me martela-lo hoje?"

O professor aparece em cena e acusa o motivo do estado lastimavel de Pink como falta de disciplina, e ele se habilita, naquele momento, em corrigi-lo, "Deixe-me martela-lo hoje?".

"Esposa de "Pink":
Seu bostinha agora você está nessa,
Tomara que eles jogem a chave fora.
Você deveria ter falado mais vezes comigo
Mas, não!tinha que ser
Do seu jeito, destruiu muitos
Lares ultimamente?
Apenas cinco minutos, verme sua excelência,
Ele e eu, sozinhos."

Em cena aparece a esposa de Floyd, reclamando que seu papel de marido não foi feito, e a traição se deu por esse motivo. Você deveria ter falado mais vezes comigo.

"Mãe de "Pink":
Filhiiiiiiiiiinho!
Vem com a mamãe filhinho,
Deixe-me segurá-lo
Em meus braços.
Senhor nunca quis que ele causasse
Algum problema.
Por que tinha que me deixar?
Verme, sua excelência, deixe-me levá-lo para casa."

Entra em cena a mãe, representando ainda o seu papel de super-protetora, infantilizando o personagem, e todo aquele seu afeto materno, irônicamente se transforma num enorme muro.

A sentença do Juiz:
A prova apresentada à corte é incontestável,
Não há necessidade do Júri se retirar.
Em todos meus anos de magistrado
Nunca ouvi de um caso
De alguém que merecesse tanto
A pena máxima da Lei.
A forma como fez sofrer,
Sua mãe e sua exótica esposa,
Me enche de vontade de defecar!

O Juiz, que representa a sociedade, condena o isolamento de Pink como algo repugnante.
Seu afastamento fez pessoas ao seu redor sofrerem, e como foi dito, pouco importa se seus motivos são ou não válidos.
O papel da comunicação social deve ser realizado, mesmo que contra sua propria vontade. Ou seja, o papel de bom marido, do bom filho, do bom aluno, do bom cidadão e todas essas convenções sociais devem ser seguidas a risca, conforme manda os roteiros da convivência social.
Qualquer coisa fora desses padrões é anômala e deve ser combatida

"Desde que,meu amigo,
Você revelou seu
Medo mais profundo,
Eu lhe sentencio a se expor
Aos seus semelhantes.
Derrubem o muro!"

Ter o muro derrubado significa ter suas idéias expostas e ridicularizadas pela sociedade, a voltar a ser chamado de “alienado” pelas pessoas que se julgam normais.

Outside of the Wall

"Sozinhos, ou de dois em dois
Aqueles que realmente te amam
Caminham de cima embaixo e do outro lado do muro
Alguns de mãos dadas
Outros juntos em bandos
Os de bom coração e os artistas
Na posição deles
E quando eles deram á você tudo de si
Alguns cambalearam e caíram, apesar disso tudo não ser fácil
Batendo seu coração contra alguns vagabundos malucos
Muro "

Floyd está fora do muro, e consegue enxergar as outras pessoas.
Vemos o que as pessoas estão fazendo, no filme, aparece uma cena com um monte de crianças recolhendo tijolos do chão. Elas formaram seu próprio muro durante suas vidas, e todo esse sentimento angústiante será presenciado na vida de cada uma delas.

Considerações finais.
The Wall é simultaneamente uma obra de muita subjetividade e muita objetividade.
Além da dissecação da consciência humana de Floyd, esse disco é uma obra de protesto contra o mundo e suas convenções sociais, uma severa crítica as pessoas que o formam.
Waters definiu bem cada fator que influênciou na construção desse muro, fatores internos e externos.
O Governo e a guerra lhe tiraram o pai, sua mãe aprofundou seu isolamento com sua superproteção, a escola alienou todos a sua volta, e a mulher o traiu por causa do desinteresse que, por sua vez, foi gerado pela revolta contra os fatos acima citados.
Para Floyd, o mundo estava errado. Mas para o mundo, quem estava errado era Floyd. Ele era o isolado, o diferente, o louco.

sábado, 26 de julho de 2008

Songs of Middle Earth - Inspired By the Lord of the Rings

Songs of Middle Earth - Inspired By the Lord of the Rings

Músicas:

1. The Shire (9:39)
2. The Old Forest (6:30)
3. Rivendell (2:40)
4. The Great River (5:11)
5. Lothlorien (4:57)
6. The Misty Mountains (6:25)
7. Helms Deep (5:34)
8. Rohan (5:03)
9. Minas Truth (11:13)
10. The Grey Havens (4:06)

Total Time: 61:18


Resenha:
Bem, antes de começar a ler esta resenha, quero deixar clara algumas coisas sobre este disco.
Primeiro, que este disco não faz parte da discografia oficial de Rick Wakeman, este é apenas uma coletânea com músicas de discos como Seven Wonders of the World e Heritage Suite.
Segundo, que apesar de parecer ter várias músicas novas, não se engane, a única coisa que foi feita neste disco é pegar músicas já existentes e renomeá-las.
Bem, independente dessa duvidosa edição, este disco foi uma das minhas melhores e mais agradáveis audições ultimamente, uma surpresa pra mim, pois nunca pensei que iria me envolver tanto com um disco tão picareta como este.
Em seu decorrer encontramos belíssimas peças instrumentais, mostrando uma musicalidade fantástica, com muito virtuosismo e pureza técnica, envolvendo muito do New Age pela climatização e sutileza das mesmas.
Todas as músicas encorporam poucos elementos, assim conseguimos perceber cada um deles com mais clareza.
The Shire é que dá abertura ao disco, minha preferida, com um tema principal muito bonito e muito bem desenvolvido, Rick Wakeman mostra um sensibilidade musical muito apurada e consegue desenvolver uma excelente e variada melodia instrumental.
Depois disto temos, The Old Forest, com uma base de tons mais graves ao fundo, a música se desenvolve sem um tema bem definido como foi feito em The Shire.
O teclado de Rick Wakeman sempre construindo uma melodia bastante agradável e dinâmica.
Para quebrar um pouco esse clima New Age, totalmente presente no disco, ele conta com algumas belíssimas passagens de piano em seu decorrer, a musica que segue a anterior é a primeira delas, Rivendell.
Depois dela temos The Misty Mountains, uma música densa onde se ganham contornos bem sombrios, com a utilização de tons bem graves na base principal.
Ouvimos também ela se encorpando em tons mais belos, devido a performace de Wakeman, construindo sua melodia no tom de teclado que é bem caracteristico do disco, sempre muito dinânico, comunicando-se perfeitamente com a base instrumental de outros tons dos outros sintetizadores presente na música.
Helms Deep, é pra mim uma das melhores surpresas do disco, possuindo uma das mais interessantes performaces técnicas de Wakeman em todo o disco.
Depois da interessantíssima música anterior, temos novamente uma belissima passagem de piano, Rohan.
Terminada, o disco segue com Minas Truth - o certo seria Minas Tirith, mas a picaretagem do disco é tanta que nem pra renomear certo as músicas eles serviram.
Independente da gafe cometida no nome da música, é uma musica boa, com sons de flauta feito pelo sintetizador - sim, alguns sintetizadores são capazes de reproduzir sons de flauta, ou qualquer instrumento, devido a possibilidade de microfonação deles.
Algo que me chamou a atenção nesta música (além do nome errado) é que em um certo momento da música há uma especie de Blues, enfim, acho que estou ficando louco, vou terminar logo esta resenha antes que eu surte.
E para terminar, nada melhor que mais uma passagem de piano, The Grey Havens bem sutil e bonita.
O disco é muito bom, o seu defeito é ser um disco picareta, e infelizmente algumas músicas parecem ter uma proposta musical muito semelhante, o que deixa o disco com aquele ar de "redundância"...


Mas mesmo assim eu recomendo...

domingo, 8 de junho de 2008

No Earthly Connection

No Earthly Connection

Músicas:

01.Music Reincarnate, Part I: The Warning - 8:19
02.Music Reincarnate, Part II: The Maker - 3:34
03.Music Reincarnate, Part III: The Spaceman - 4:03
04.Music Reincarnate, Part IV: The Realisation - 4:17
05.Music Reincarnate, Part V: The Reaper - 7:55
06.The Prisoner - 7:01
07.The Lost Cycle - 7:02

Resenha:
Lançado em 1976, No Earthly Connection é um disco conceitual e o 6º álbum da carreira solo de Rick Wakeman
Apesar de possuir temas belíssimos, e uma excecução fantástica, foi um disco bem subestimado na época, e acabou não vendendo muito.
Pelos planos de Rick o disco seria um álbum duplo, mas a gravadora não liberou o dinheiro necessário.
O disco é absurdamente bom, tanto no que se refere a performace de Wakeman sempre demonstrando muito bom gosto e pureza técnica, tanto quanto no que se refere a performace do vocalista, que é fantástica.
A temática em torno do disco envolve questões ligadas a assuntos como vida fora do planeta terra (dai vem o nome, No Earthly Connection, que em bom potuguês significaria algo como "Sem conexão com a terra).
O grande destaque do disco é a suite Music Reincarnate divida em 5 partes magníficas, que alternam em momentos doces, com muitos efeitos de produção e interlúdios magníficos.
O grande destaque vai para o tema de The Maker, que é um dos mais marcantes que eu já ouvi. Isso sem contar toda a estrutura melódica da música, muito bonita, concerteza um dos pontos altos do disco.
A qualidade nas outras músicas se mantem neste mesmo nível altíssimo, não tenho onde por defeitos.
Bem, desta vez meu comentário foi breve, mas espero ter ajudado e depertar a curiosidade em conhecer o disco.

Nota 10.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Red

Red

Músicas:
01.Red – 6:16
02.Fallen Angel – 6:03
03.One More Red Nightmare – 7:10
04.Providence – 8:10
05.Starless – 12:16

Resenha:

Red é um disco do King Crimson lançado em 1974, o último disco da banda na decada de 70, antes de Robert Fripp terminar temporariamente com a banda por problemas internos, onde retornariam só 1981 com o Discipline, e também o último disco com os vocais e o baixo de John Wetton.

Em relação ao seu antecessor, Starless and Bible Black, Red conta com menos improvisos, dando destaque para as composições mais metódica, conseguindo grande sucesso de crítica e público na época, e configurando entre os grandes clássicos da banda. Isso não quer dizer que não haja o bom, velho e conhecidos improvisos da banda neste disco, a quarta faixa, Providence por exemplo, são oito minutos só de improvisos.

Este disco é provavelmente um dos discos mais soturnos, agressivos e atmosféricos do Rock, praticamente todas as músicas possuem climatizações pesadíssimas.

Iniciando o play temos a instrumental música-título, Red, uma melodia pesada baseada em riffs de guitarras. Robert Fripp se destaca bastante na música

A segunda faixa, The Fallen Angel, possui uma belíssima melodia, um andamento bem mais suave que anterior, e com texturas mais acústicas, que assume formas mais encorpadas ao seu decorrer, com os excelentes riffs acompanhados pelos instrumentos de sopro.

A terceira, One More Red Nightmare, volta com o peso característico do disco, com um trabalho magnifico da bateria de Bill Bruford, sobrepostas a batidas “Handclaps” que acompanham a música inteira, além dos riffs marcantes de Robert Fripp, alguns pedais Wah-Wah e texturas de saxofones, dando a música uma contraditória atmosfera ao mesmo tempo festiva e sombria.

A faxia seguinte, como já foi dita, são oitos minutos de puro improvisos, com bases de violino que se encorpam em ritmos com bastante groove e interessantes sons de “não-sei-o-quê”, particulamente esta é a faixa que eu menos ouço no disco, a que menos gosto também, eu tenho uma preferência por composições metódicas, trabalhadas, só gosto de improvisos ao vivo de músicas que já compostas antes. Gosto é gosto né ? Fazer o que ?

A faixa de encerramento, Starless, é sem dúvida a minha predileta do disco, ela parece resumir todo o 'feeling' do disco (odeio este termo).

A música trabalha a atmosfera pesada do disco de forma única, ao mesmo tempo que soa bastante suave. É tambem a faixa mais longa do disco, cerca de 12 minutos, os riffs dela são muito caprichados, a instrumental se baseia mais no Saxofone e em texturas de teclados.

Apartir dos 4:15 a música entra num movimento instrumental bastante intenso e interessante, para mim o auge do disco, onde se escuta alguns riffs repetitivos que se encorpam de uma forma magnífica fazendo uma ponte muito boa para a entrada do solo de Sax, acompanhado por um baixo bem típico do Jazz


Saldo final

Na minha opnião você não deve morrer sem antes escutar este play, todas as músicas conseguiram me arrebatar (com exceção da Providence). Vale muito a pena conferir.

Nota 10.


Baixe a música The Fallen Angel pelo link abaixo:

http://rapidshare.com/files/117103622/02_-_Fallen_Angel.mp3.html

Qualquer problema com o link, deixe seu comentário aqui que eu resolvo o problema.

Caso você interesse pelo disco inteiro, deixe aqui seu comentário com seu e-mail e te mandarei o disco através de um link para o Rapidshare.


Notas do Blog:

Não é a intenção deste blog prejudicar o artista de nenhuma forma, este blog apenas visa a divulgação de seu trabalho. Portanto, se você baixar o disco e se interessar, comprometa-se a comprá-lo.

Não apenas para valorizar o trabalho do artista, mas pelo bem de sua própria audição. A qualidade do som no MP3 é bem inferior a de um disco de verdade.

Não sou cabeça dura, nem hipócrita... não vou dizer que o MP3 é um retrocesso total... porque atravez dele se conhece muita coisa...

MP3 é bom !
Retrocesso pra mim é ficar só no MP3... a experiência de ouvir uma musica onde todos os elementos estão todos bem nitidamente definidos é outra coisa


Veja o vídeo de uma apresentação ao vivo da música Red:

terça-feira, 13 de maio de 2008

Still Life

Still Life

Músicas:
01.Pilgrims - 7:12
02.Still Life – 7:24
03.La Rossa – 9:52
04.My Room (Waiting for Wonderland) – 8:02
05.Childlike Faith in Childhood's End– 12:24

Resenha:
Still Life é um belíssimo disco do Van Der Graaf Generator, lançado em 1976.
Este disco, na primeira vez que eu escutei eu achei ele meio enfandonho, mas aos poucos ele foi me conquistando e hoje é um dos que eu mais gosto. Peter Hammil no disco mostra uma performace incrível, seu tom de voz caminha em tons bastante constrastantes durante todo o disco, as vezes suave, as vezes bem agressivo.
O trabalho com o saxofone, a flauta, o órgão, o mellotron e o piano é bastante presente e marcante em todas as músicas, proporcionando incríveis momentos.
A música de entrada, Pilgrim, é a minha preferida do disco, e uma das melhores músicas da banda na minha opnião. Ela possui uma melodia cantada muito marcante, me fazendo lembrar muito as músicas do disco The Aerosol Gray Machine.
A seguinte Still Life não faz feio, tambem tem uma melodia muito bela, La Rossa segue mantendo o nível alto do disco, demonstrando uma das linhas vocais mais fantásticas de Hammil, bastante dramática e representativa.
My Room (Waiting for the Wonderland) é uma boa surpresa, ela tem um tema muito melodioso, semelhante a uma "canção-de-ninar", cantada em tons graves incríveis, e conduzida em todo seu decorrer, pelos chinbais da bateria.
No final da canção, há uma parte só instrumental em que o baixo de Hugh Banton se torna bastante perceptivo.
Childlike Fake in Childhood's End encerra o mantendo o nivel do disco, e mantendo as mesmas características das outras músicas, porém, em seu meio há uma inusitada passagem instrumental meio desordenada.
O disco pode não ser o melhor da banda, mas não faz feio, mais do que recomendado.

Nota 8.

Baixe a música Pilgrim pelo link abaixo:


http://rapidshare.com/files/114700626/01_-_Pilgrims.mp3.html

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Notas do Blog:

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MP3 é bom !
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sábado, 3 de maio de 2008

Look at Yourself

Look at Yourself

Músicas:
Look at Yourself – 5:10
I Wanna Be Free – 4:01
July Morning – 10:32
Tears in My Eyes – 5:01
Shadows of Grief – 8:39
What Should Be Done – 4:15
Love Machine – 3:37

Resenha:

Look at Yourself é o 3° disco da banda inglesa Uriah Heep, que pode ser considerado um dos melhores e mais interessantes de toda sua discografia, contendo elementos diversos e uma efetiva e interessante combinação de Hard Rock, Rock Progressivo e Rock Psicodélico.
O disco inicia com Look at Yourself , a música de encerramento é um inusitado Hard Rock, ornamentado com belas harmonias vocais e órgãos, executado com batidas tribais no melhor estilo Jam. Trata-se na minha opnião, o segundo maior destaque do disco.
A segunda faixa, I Wanna Be Free, é uma musica mais lenta, com uma melodia que beira mais para o Pop, mas que nem de longe pode ser considerado fraco ou até mesmo convencional.
A seguinte, July Moring, é uma faixa que tem uma orientação mais para o Rock Progressivo e o Rock Psicodélico, cantada em versos suaves, acompanhadas por uma bela construção melódica feita pelo órgão.
David Byron's tem uma performance vocal operística incrivel nesta musica; suas multi-oitavas tiveram sem dúvida uma influência muito grande sobre metal, principalmente em vocalistas como Rob Halford. O grande destaque do disco sem dúvida.
A música que segue, Tears in My Eyes, é uma musica mais convencional, porém se destaca por ser impulsionada por uma harmonia vocal surpreendente e uma melodia de guitarra facinante.
A próxima é feita de uma forma eufórica e desordenada, Shadows of Grief, uma interessante canção com um andamento Hard porém uma áurea que vai da Psicodélia à música Experimental.
Em um momento muito peculiar desta música, a banda trabalha com uma interessante comunicação harmônica e integrada entre orgão e a guitarra, que apresenta-se em uma impecável performace.
What Should Be Done, a música que segue é uma balada, com vocais doces e novamente com belos trabalhos de guitarra, ótimo uso das texturas de teclado que acompanham toda a música.
O uso do pedal Wah-Wah, tornando o tom da guitarra oscilante entre sons graves e agudos, em todo o disco é muito evidente, nesta música este recurso é feito de forma mais limpa e da para perceber melhor o efeito, definindo com clareza o resultado melódico. O que não podemos dizer da maioria das músicas da banda nesse disco, que soam totalmente eufóricas, poluidas porem, muito interessantes.
O disco encerra com Love Machine, uma música bem ao estilo Deep Purple com David Byron lembrando muito Ian Gillan, alem disso, ótimas performaces instrumentais.

Baixe a música July Morning pelo link abaixo:

http://rapidshare.com/files/112370180/03_-_July_Morning.mp3.html

Qualquer problema com o link, deixe seu comentário aqui que eu resolvo o problema.

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Notas do Blog:

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Não sou cabeça dura, nem hipócrita... não vou dizer que o MP3 é um retrocesso total... porque atravez dele se conhece muita coisa...

MP3 é bom !
Retrocesso pra mim é ficar só no MP3... a experiência de ouvir uma musica onde todos os elementos estão todos bem nitidamente definidos é outra coisa

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Atom Heart Mother



Atom Heart Mother


01. Atom Heart Mother - 23:44
a) Father's Shout
b) Breast Milky
c) Mother Fore
d) Funky Dung
e) Mind Your Throats Please
f) Remergence
02. If - 4:30
03. Summer '68 - 5:28
04. Fat Old Sun - 5:23
05. Alan's Psychedelic Breakfast - 13:00
a) Rise And Shine
b) Sunny Side Up
c)Morning Glory

Total Time: 52:05

Resenha:
Esta resenha foi escrita por Alisson dos Santos Cappellari.

No início dos anos 70, o mundo ainda vivia o efeito devastador da transformação social ocorrida no final da década passada. Reinava a expectativa de sobre como o mundo reagiria dali por diante após mudanças tão radicais.

No cenário artístico-cultural também se fazia presente tal questionamento. O fim do “beatlecentrismo” no meio musical fazia com que a atenção não só do público, como da crítica e, sobretudo, das gravadoras, se dispersasse em direção a outros artistas que apareciam com destaque no fim da década passada. Dentre as novidades, uma delas se destacava como a viga mestra de um movimento que ganhava corpo a cada dia, o psicodelismo. Seu nome era Pink Floyd.

Os dias atravessados por Roger Waters, David Gilmour, Nick Mason e Richard Wright, porém, não eram nada comparados aos passados acerca de três anos antes. Originária de um sucesso de público e crítica devido ao conceito criado sobretudo por Syd Barret, era visível a crise de criatividade e o abalo emocional vividos após a saída de seu mentor original. Após a estréia marcante com o aclamado The Piper at the Gates of Dawn, e o conseqüente estrelato, veio o contestado A Saucerful of Secrets, última obra de Barret com o grupo. Sucederam, já com Gilmour nas guitarras, várias participações em trilhas sonoras em filmes, com destaque para More e Zabriskie Point – verdadeiros clássicos do gênero – e o conceitual Ummagumma, o álbum duplo que reunia, em um disco, quatro faixas ao vivo e, no outro, faixas solo de cada um dos integrantes. Quando os anos 70 chegaram, contudo, um novo álbum precisava ser lançado.

A concepção do projeto Atom Heart Mother não foi nada fácil. A obra tinha que causar impacto, prenunciando como seria o novo Pink Floyd. Pela primeira vez a banda faria um álbum próprio, de carreira, sem a influência de Barret. Após várias discussões, veio de Roger Waters a idéia de compartilhar o processo de autoria do álbum com Ron Geesin, músico de jazz, expoente da cena vanguardística londrina. A idéia foi de pronto apoiada por Mason, que o conhecia de outros tempos, pois trabalhava com a produção de trilhas sonoras de filmes e programas de televisão. O músico tinha, inclusive, produzido a trilha de um documentário sobre automobilismo dirigido pelo pai de Mason anos antes. Waters e Geesin se conheceram na produção da trilha sonora de “The Body”, da BBC inglesa, que resultou no primeiro álbum solo de Waters, em 1969, chamado “Music From The Body”. Várias demos de material inédito foram entregues a Geesin, sob o desafio de que ele conseguisse extrair desse material algo que prestasse. As fitas se constituíam, na maior parte, de sobras de gravações das referidas trilhas sonoras. Após quebrar a cabeça pensando no que fazer, ele propôs à banda algo inédito até então na música pop mundial: a elaboração de uma suíte, nos moldes dos clássicos eruditos, subdivididas em vários atos. Foi a partir daí que surgiu a polêmica e incompreensível faixa título do álbum.

Trancafiados nos estúdios da EMI, em Abbey Road, o Pink Floyd deu início às gravações daquele que seria um dos discos mais importantes da história do rock mundial. Atom Heart Mother, a música, se apresentou como uma grande peça teatral, subdividida em seis atos. O resultado foi grandioso. A gravação contou com estrutura digna de uma orquestra sinfônica, estando presentes um cello solo, uma dezena de instrumentos de sopro – com destaque para o solo de trompas francesas – e um coral de 20 pessoas, sob a regência do maestro John Alldis. A suíte apresentou uma duração aproximada de 24 minutos. O início é impactante com “Father’s Shout”, onde é dada uma pequena demonstração do virtuosismo do grupo, tendo ao fundo a desafinação dos instrumentos de sopro simulando vozes humanas. Após, vem “Breast Milky”, marcada pela impecável interpretação do coral, sustentada pela melodia marcante dos teclados de Wright. “Mother Fore” retoma a instrumentalidade da faixa, com uma estrutura bluesística, alternada com vocais furiosos. “Funky Dung” apresenta a experimentação das faixas em estúdio de “Ummagumma”, onde uma mescla de ruídio estereofônicos criam um cenário de suspense, originando uma estrutura que viria a ser retomada em “Echoes” (do álbum Meddle) e “On The Run” (de Dark Side of The Moon). “Mind Your Throat Please” retoma a musicalidade da canção. O grand finale vem com “Remergence”, que repete as estruturas da primeira parte, em um final apoteótico. A faixa era uma experiência auditiva fantástica, visto que o álbum foi um dos primeiro a ser gravados no sistema quadrofônico estéreo, que subdividia o som de cada instrumento em um canal diferente para o ouvinte. Algo complexamente trabalhado que tomou o lado A inteiro do álbum, numa experiência inédita no Rock mundial.

O lado B do álbum começa com a cativante If, de autoria de Waters. À primeira vista parece uma cantiga de ninar, porém, quando examinada a letra se vê uma forte ode à insanidade humana. A temática seria a marca registrada de Waters para o resto da carreira. O violão dedilhado cortado pela guitarra de Gilmour é um clássico. A letra, marcada por suposições, (vide os versos “If i were a swan, I’d be gone / If I were a train, I’d be late / If I go insane / Please don’t put yoru wires in my brain”) foi feita, sem dúvida, em homenagem a Syd Barret e seu momento difícil. Segue-se a esta “Summer 68”, uma das melhores músicas do grupo. De autoria de Wright, trata-se de uma canção singela sobre um relacionamento efêmero seu com uma groupie no verão de 1968. A música segue o seu curso normal até que, de repente, é cortada pela clássica intervenção de Gilmour gritando “How do you feel?”, como se questionando o ouvinte do que sente no momento. Então se percebe presença de metais em estilo barroco, ilustrando o clima da música. Após a retomada da normalidade, a segunda intervenção é feita por toda a orquestra presente na gravação de Atom Heart Mother, numa mistura única de sons vista na história da música contemporânea.

A faixa de Gilmour, Fat Old Sun, traz a mesma estrutura melodiosa anteriormente apresentada pelo grupo na faixa “Green Is The Colour”, da trilha do filme “More”. Trata-se de uma balada, onde a melhor parte, sem dúvida, é o solo de guitarras no fim da faixa. Fat Old Sun ficou famosa por ser a música de trabalho do álbum e pela interpretação forte do grupo em seus shows ao vivo, em quase nada lembrando a versão calma gravada em estúdio. O disco acaba com Alan Psichedelic Breakfast, outra faixa conceitual. Com duração de cerca de 13 minutos e subdividida em três atos (“Rise and Shine”, “Sunny Side Up” e “Morning Glory”), a faixa consiste basicamente em experiências estereofônicas que buscam retratar sonoramente o café da manhã de Alan Stiles, um dos roadies do grupo. Na faixa, é possível ouvir o bacon fritando e alguém fazendo sua higiene pessoal. A música só foi interpretada uma vez ao vivo, tendo a banda, no palco, fritado o bacon e tomado café em frente a um incrédulo público.

Atom Heart Mother é um álbum até hoje incompreendido por grande parte do público. Inegáveis são, contudo, a sua qualidade vanguardística e a influência que causou na música, não só de um modo geral como também no próprio grupo. A idéia de disco conceitual foi a partir daí desenvolvida, influenciando vários outros artistas, como é o caso do progressivismo de Rush e Yes. As inovações sonoras do álbum foram mais tarde desenvolvidas pelo próprio grupo em praticamente todas as outras obras da banda, com ou sem Waters.

Além da música, o disco tem uma das capas mais enigmáticas da história da música. O bovino mais famoso do rock mundial aparece tanto no vinil, quanto no CD. A rês Lullubelle III, uma cruza das raças holandesa e normanda (ao contrário de suas colegas da contracapa, puramente holandesas), foi fotografada em uma propriedade rural do interior da Inglaterra. A gravadora pagou ao dono da propriedade cerca de mil libras pelos “direitos de imagem” do animal. A propriedade virou ponto turístico, e Lullubelle, uma celebridade do showbusiness mundial.

Download do disco:
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Notas do Blog:
Não é a intenção deste blog prejudicar o artista de nenhuma forma, este blog apenas visa a divulgação de seu trabalho. Portanto, se você baixar o disco e se interessar, comprometa-se a comprá-lo.

Não apenas para valorizar o trabalho do artista, mas pelo bem de sua própria audição. A qualidade do som no MP3 é bem inferior a de um disco de verdade.

Não sou cabeça dura, nem hipócrita... não vou dizer que o MP3 é um retrocesso total... porque atravez dele se conhece muita coisa...

MP3 é bom !
Retrocesso pra mim é ficar só no MP3... a experiência de ouvir uma musica onde todos os elementos estão todos bem nitidamente definidos é outra coisa