Algumas Considerações

quinta-feira, 30 de julho de 2009

The Chemical Wedding (O Filme)


Ficha Técnica
Título: Chemical Wedding
Ano: 2008
Local: Inglaterra
Direção: Julien Doyle
Roteiro: Bruce Dickinson
Elenco: Terence Bayler, Kal Weber, Lucy Cudden, Jud Charlton
Duração: 106 min


Resenha
Basicamente, um filme escrito por Bruce Dickinson, piloto-escritor-historiador-esgrimista e nas horas vagas vocalista do Iron Maiden, junto com Julian Doyle, conhecido por fazer parte do grupo inglês de humorista Monty Python, e por dirigir o video-clipe de Can I Play With Madness? do Iron Maiden.
A história do filme gira em torno do famoso e polêmico ocultista Aleister Crowley.
No filme, ele morre e reencarna em um corpo de um tímido (e gago) professor universitário.

No geral, é um filme B. Caso você vá assistir esteja ciente disso.
Este filme está mais próximo de um "exploitation" do que qualquer outra coisa, ou seja, não há pretensão de receber méritos artísticos ou comerciais.
Ele praticamente só foi rodado regionalmente e em festivais undergrounds por ai.
Chegou até ganhar alguns prêmios como no festival Cryptshow, pela originalidade do roteiro (mérito do Bruce Dickinson) entre outras coisas.

E realmente, me surpreendi com o roteiro, confesso que não botava muita fé nesse trabalho de Bruce Dickinson pois ele não é do "ramo", mas até que ele se saiu bem em sua função, montou uma alinearidade inteligente nesse filme.

O elenco de atores no geral é bem amador, com excessão de Terence Bayler, que teve uma atuação bem competente.

Alguns assuntos como universos paralelos, ocultismo, ciência, sexo e religião são tratados em alguns diálogos, sem muita profundidade. Se você estava procurando conhecer a Thelema ou as idéias de Aleister Crowley, esquece, esse filme não te dará praticamente nada do que você está procurando.

O filme é apenas uma boa distração.
Uma excelente pedida para as tardes de um sábado chuvoso, quando você não tem nada melhor pra fazer, quando o orkut encheu o saco, quando na TV não passa porra nenhuma que preste.


Nota 5,5





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sábado, 25 de julho de 2009

HOT RODS de David Perry

Gosta de carrões e mulheres ? Então é para você mesmo essa, David Perry, ator e diretor de filmes pornográficos e atualmente fotografo, lançou uma revista de produção fotográficas em seu novo livro Hot Rod Pin-Up.
Aqui vai uma amostra do conteúdo da revista.













Visite o site http://www.davidperrystudio.com/

sábado, 2 de maio de 2009

Oliver Sacks - O Homem que Confundiu Sua Mulher com um Chapéu (Parte III)

A mulher desencarnada e o Sexto-Sentido
O livro conta a história de Christiana.
Moça robusta de 27 anos, mãe de 2 filhos, aparentemente com uma vida normal, e que derrepente, de forma súbita, começa a ter um ataque de dores abdmonais.
Ela foi levada ao hospital, e ficou internada pois precisava remover sua vesícula biliar.

No hospital, de uma noite para outra, e depois de um sonho horripilante, ela perdera sua capacidade de se reconhecer no espaço, não sentia seus braços e nem suas pernas.

Um dado interessante dessa subta mudança, é que ela apenas conseguia se manter em pé se olha-se para os proprios pés.
Ela também não conseguia segurar nada nas mãos ao menos que ficsasse seu olhar nas mãos.
Seu rosto também havia se tornado sem expressão, frouxo, e sua mandibula caia.
Até mesmo sua postura vocal desaparecera.

Aparentemente havia contraido uma doença em seus lobos parietais, que são responsáveis pela combinação das impressões relacionadas à forma, à textura e ao peso transformando essas informações em percepções gerais.

Ela teria perdido por completo a propriocepção, também conhecido como o sexto-sentido, que consiste em reconhecer a localização espacial do próprio corpo sem utilizar a visão, e sim a memória do espaço construido em sua mente.
Ela perdera o "ego-corporal" que Freud considera como a base do "eu".

Sua recuperação por completo seria algo ja descartado por Sacks.
A única coisa que ele poderia fazer é incitar ela a aprender a se adaptar aquele modo de vida, treinando-a e criando nela um certo automatismo visual para cada ação de seu corpo, além da intensificação do uso dos ouvidos.
Tudo isso para contonar sua incapacidade de usar a percepção da memória espacial, a qual ela via perdido.

Perder o sexto-sentido não é como perder uma perna ou ficar cego.
As pessoas não percebem isso, alias, nem ao menos tem a sapiciência da existência de um sexto-sentido.
A parte mais dificil é o que as outras pessoas veêm em Christina.
Não sendo claro para elas as manifestações desse sintoma da perda do sexto-sentido, Christina inustamente é tratada com ignorantes rosnadelas, e é taxada como embusteira ou tonta.
É comovente e triste ver uma pessoa nessa situação, e completamente indefesa.


Esta perna não é minha
O livro segue com um relato de um paciente internado no hospital, que entrou em estado de euforia no meio noite, caindo da cama e se recusando a deitar-se na cama novamente.

Esse paciente viera apenas para uns exames de rotina, mas foi internado, pois os neurologistas notaram que sua perna esquerda era "preguiçosa".
Seu estado aparentava normalidade, no hospital, quando estava indo dormir, e até esse momento se comportou de forma esperada.
O que não era esperado foi o que aconteceu quando ele acordou e se deparou com uma "perna" em sua cama.
Isso o deixara apavorado, e ele gritava, empurrava a perna para fora da cama e então caia.
No chão, esse paciente dizia ter visto a "perna de alguem" amputada na sua cama, e que não conseguia se livrar dela e atribuiu isso a uma brincadeira de mau gosto de um dos médicos, que teriam colocado uma perna de alguem na cama dele só para ver sua reação com isso.

O interessante é que a perna era dele mesmo.

Ele não reconhecia a perna, e ficou ainda mais apavorado quando descobriu que aquela perna "amputada" estava "grudada" nele. Ele a agarrou com as 2 mãos e tentou arrancá-la do seu corpo, não conseguindo, socou-a em um acesso de raiva.

Estava aterrorizado e chocado.
Este é um interessante caso de perda completa da consciência do seu membro hemiplégico
Esse paciente não conseguia conceber a idéida de que aquela perna era dele, mesmo não tendo uma demência mental, não sabia dizer a procedência daquela perna.

Parte II
Parte I

domingo, 26 de abril de 2009

Oliver Sacks - O Homem que Confundiu Sua Mulher com um Chapéu (Parte II)


O marinheiro que parou no tempo.
A segunda parte do livro é outro caso interessantíssimo.
Oliver Sacks visitou um asilo e lá encontrou um velho marinheiro que sofria um tipo especial de amnésia recente.
Esse velho marinheiro não conseguia manter sua memória com fatos acontecidos recentemente, mas se lembrava perfeitamente do seu passado.
Mais do que isso, ele "vivia" o seu passado. Vou explicar melhor.
Conversando com esse senhor, Oliver percebeu que o mesmo mudava subtamente seu tempo verbal do pretérito para o presente.
Isso deixou Sacks perplexo e então ele o interrompeu para perguntar qual o ano em que eles estavam e qual era sua idade.
O velho marinheiro respondeu que o ano em que estavam era 1945 e que tinha 19 anos.

Intrigado com a resposta, Sacks lhe deu um espelho e mostrou a sua face, ato que ele se arrependera profundamente.
O velho marinheiro se deu conta da sua aparência e começou a entrar em pânico.
Felizmente, a sua amnésia recente fez-o esquecer do choque e então finalmente se acalmou quando Sacks mudou o foco da sua atenção para uma outra coisa.

Esse caso em particular me chamou a atenção pois esse senhor se lembra com detalhes do seu passado até uma determinada época, que era por volta de 1940.
Ele literalmente "parou" no tempo.
Conversar com ele era como conversar com uma pessoa em que ficou em coma desde os anos 40 e acordou agora.

Ele não se lembra de absolutamente nada depois dessa época, avanços científicos, mudanças políticas, absolutamente nada. Isso se deve ao fato de seu cérebro, apartir de uma determinada época, não conseguir mais assimilar mais nenhuma nova informação.
Como Sacks diz no livro, ele estava completamente isolado em um único momento da su existência.

O interessante é que contasta-se que seu estado era normal até 1965.
Porque então ele não lembra de nada a não ser todo o percurso da vida dele até a decada de 40 ?

No livro diz que ele foi marinheiro até 1965, mas depois saiu e começou a beber muito.
Em 1970 fora mandado para um hospital, e foi lá que se constatou que ele sofria de amnésia, não apenas esquecia fatos recentes, mas também não conseguia se recordar especificamente dos últimos anos.

Ele teria então regredido sua memória até uma determinada época (ou evento) que remetia nos anos 40 provavelmente, e teria fixado sua mente nessa época até então.

Felizmente esse horror só é percebido pelos outros, o portador dessa doença não se da conta da sua situação. Essa falta de noção da própria situação é exemplificada posteriormente no livro num caso bem interessante.


Fiquei cego sem saber.
Sacks conta que tratou um paciente com trombose repentina na circulação posterior do cérebro causando a morte das partes visuais do cérebro.
Dali por diante esse paciente se tornou cego, sem saber.
Ele parecia cego, mas não se queixava.
Seus olhos não reagiam a luz, estava tecnicamente cego, mas de forma alguma notara.
Ele perdeu não só a visão, mas como toda memória visual, e com isso, não sentiu falta de perda alguma.

O interessante desse caso é que ele prova que tudo o que acreditamos ser real, na verdade pode ser uma mera interpretação do nosso cérebro.
Como alguem pode ficar cego derrepente e não notar ?

Nossa visão seria apenas interpretações cerebrais, baseadas unicamente na memória ?

Parte III
Parte I

terça-feira, 21 de abril de 2009

Oliver Sacks - O Homem que Confundiu Sua Mulher com um Chapéu (Parte I)

Interessado por questões que envolvem a mente humana e a percepção do mundo, me indicaram a ler um livro de Oliver Sacks (o tiozinho da foto) chamado "O Homem que confundiu sua mulher com um chapéu".
Esse livro é um relato de casos de patologias neurológicas interessantíssimas.

O bom desse livro é que ele não se foca tanto em aspectos técnicos de cada caso patológico (ou seja, não precisa ter um conhecimento muito aprofundado de neurociência) e trata de questões que vão além da análise metódica dos paciêntes.
Esse livro recebeu diversos elogios por sua linguagem, considerada como um verdadeiro ensaio literário.

Ainda estou lendo o livro, não conclui ainda, mas a medida que vou lendo vou fazendo aqui alguns relatos sobre o mesmo (como se fosse um diário), talvez um relato meu por semana, até concluir o livro, recomendo imensamente que comprem (ou baixem) o livro, é fantástico.

Ps: Lembrando que esse blog NÃO vai postar mais nada para download, em vista da possibilidade dele ser sumariamente deletado como já aconteceu antes (leia mais).
Então, não me peçam.


Introdução.
O descaso com o hemisfério-direito do cérebro.
O livro começa contando um pouco da história da neuropsicologia, iniciada por Freud, contando como todo estudo da neuropsicologia poderia ser considerado, na verdade, como o estudo do "lado-esquerdo" do cérebro.
O "lado-direito", diz o livro, sempre fora considerado inferior e mais primitivo que o esquerdo.
Ele nunca foi foco de muitos estudos, e muitos dos disturbios ocorridos no cerebro (ou os mais visíveis) são do lado-esquerdo.

O hemisfério esquerdo (racional e computista) é mais complexo e especializado, um produto bem mais tardio nos cérebros dos primatas.
O livro porém nos revela o papel fundamental do "lado-direito" e sua ligação com a nossa capacidade de reconhecer a realidade.

É tão importante julgar e sentir quanto categorizar, classificar e racionalizar.
A prova disso segue-se no caso abaixo, até agora, um dos mais interessantes que já li na minha vida.


O homem que confundiu sua mulher com um chapéu.
Relato clínico.
No livro há um interessante caso de um homem, chamado no livro de Dr. P, que tem uma saúde mental aparentemente perfeita (não há demência), é um homem culto e simpático, mas que possui curiosas falhas de percepção da realidade.

Uma falha interessante dele mostrada no livro é de não conseguir distinguir seu próprio pé do um sapato, Sacks em sua consulta pediu para ele tirar os sapatos, e depois, coloca-los de volta.
Dr. P ficou perplexo e olhava os próprios pés e dizia algo como "não coloquei os meus sapatos ainda, olha eles aqui" ?
Quando Sacks apontava para onde estavam os sapatos, Dr. P respondia, "pensei que aqueles fossem meus pés".
Surreal, e não era a única, ele também mania de confundir objetos com pessoas.

Vale lembrar que ele não era cego, conseguia enxergar as coisas com perfeição, mas não sabia interpretar o que via como um todo
.
Seu cerebro não interpretava de forma correta os objetos
.
O título desse livro se refere a uma estranha situação ocorrida nessa consulta em que Dr. P pegou a cabeça da sua mulher, e tentou "vestir" ela como se fosse um chapeu.


O interessante era saber que ele conseguia reconhecer formas abstratas, como um poliedro, mas não formas humanas.
Uma das partes mais intrigantes foi quando Sacks deu a ele uma flor e pediu para ele dizer o que era aquele objeto.

Ele conseguia definir bem todas as características da flor, mas não conseguia concluir que aquilo ela era uma flor.
Tinha dificuldades para chegar a tal conclusão, como podemos ver na parte que copiarei do livro aqui...

(...)
”Uns quinze centímetros de comprimento”, comentou.
”Uma forma vermelha em espiral, comum anexo linear verde”.

”Sim”, falei, encorajador, ”e o que o senhor acha que é isso, doutor P?” ?
”Não é fácil dizer”. Ele parecia perplexo.
”Não tem a simetria simples dos poliedros regulares, embora talvez possua uma simetria própria,
superior...
Acho que poderia ser uma inflorescência ou flor”.

”Poderia?”, insisti.

”Poderia”, ele confirmou
”Cheire”, sugeri, e ele outra vez pareceu um tanto desconcertado, como se eu lhe pedisse para cheirar uma simetria superior.
Mas cortesmente fez como pedi e levou a flor ao nariz.
Então, de repente, ele ganhou vida.
”Lindo!”, exclamou.
”Uma rosa têmpora. Que aroma divino!”
E começou a cantarolar ”Die Rose, die Lillie...”.
(...)

A realidade para ele, era trasmitida pelo olfato, pela audição (só reconhecia pessoas ouvindo-as) e não pela visão.

Algo interessante é contado sobre suas pinturas (ele era músico, pintor e lecionava numa universidade).
Sua doença fora se desenvolvendo gradativamente com o tempo, e suas pinturas foram ao mesmo tempo passando do naturalismo ao abstrato completo, um fascinante relato da poderosa combinação de patologia e criação.

Parte II
Parte III

sábado, 18 de abril de 2009

20 filmes mais superestimados segundo internautas

Eu, por conta própria e sem nada melhor para fazer, resolvi fazer uma pesquisa em foruns espalhados pela internet sobre quais são os filmes mais SUPERESTIMADOS.
Fiz uma contagem de pontos, cada vez que um filme era citado, eu anotava, e cada vez que esse mesmo filme era citado novamente (por uma outra pessoa, obviamente), eu colocava um pontinho na frente.
Os filmes que somarem mais pontinhos, são os que no geral, o pessoal considera mais superestimado.
O resultado até que é interessante.
Para você que adora uma lista aqui vão os filmes.

1 - Adeus Lenin (Wolfgang Becker)
2 - Edukators (Antonin Svoboda e Hans Weintgartner)
3 - Irreversível (Gaspar Noé)
4 - Laranja Mecânica (Stanley Kubrick)
5 - Os Sonhadores (Bernado Bertolucci)
6 - Dançando no Escuro (Lars Von Trier)
7 - O Paciênte Inglês (Anthony Minghella)
8 - Tudo sobre Minha Mãe (Pedro Almovodar)
9 - Invasões Bárbaras (Denys Arcand)
10 - O Albergue Espanhol (Cédric Klapisch)
11 - O Fabuloso Destino de Amelie Poulain (Jean-Pierre Jeunet)
12 - Lista de Schindler (Steven Spielberg)
13 - A Vida é Bela (Roberto Benigini)
14 - Dogville (Lars Von Trier)
15 - Menina de Ouro (Clint Eastwood)
16 - Forrest Gump (Robert Zemeckis)
17 - Kramer vs Kramer (Robert Benton)
18 - Cidadão Kane (Orson Welles)
19 - Efeito Borboleta (Eric Bress)
20 - Matrix (Irmãos Wachowski)


Quero deixar bem claro que isso não reflete a minha opnião, muitos desses filmes ai eu considero clássicos absolutos e indiscutíveis.
Vale lembrar também, que para um filme ser superestimado, ele precisa ser no MÍNIMO bom.


Não gostou ?
Nem eu...
O choro é livre...


domingo, 29 de março de 2009

Kill' em All


Kill' em All

01. Hit the Lights
02. The Four Horsemen
03. Motorbreath
04. Jump in the Fire
05. (Anesthesia) Pulling Teeth
06. Whiplash
07. Phantom Lord
08. No Remorse
09. Seek & Destroy
10. Metal Militia

Resenha:
Parte das informações desta resenha se baseia no artigo "Metal Up Your Ass - Os primórdios do Metallica" de Bruno Sanchez (e pode ser conferido no site Whiplash)

Este é o disco de estreia do Metallica, lançado em 1983, e considerado até hoje como um dos melhores discos que definem o Thrash Metal.

Ele epresenta bem o espírito da "Bay Area", com músicas pesadas, calcadas no Punk e bem próxima do Speed Metal.
Alias, a maior parte das músicas desse disco tem uma orientação mais Speed do que Thrash propriamente dito, basta ouvir Hit the Lights, Metal Militia, Motorbreath, Whiplash, e Phanton Lord.

Todo o processo de gravações durou apenas três semanas e em condições precárias, num estúdio barato conhecido como Music America em Rochester, ao norte do estado do Nova York, por recomendação de ninguem menos que Joey deMayo, sim, o fundador do Manowar, e ex-roadie do Black Sabbath.
Um fato curioso sobre o lugar é que Lars jura até hoje que a velha casa utilizada, em especial o salão oval onde foram gravados todos os takes da bateria, era assombrada e exigia que alguém ficasse com ele o tempo inteiro pois, do nada, os pratos e o bumbo começavam a tocar sozinhos.

Poltergeists a parte, a dificuldade do processo de gravação caiu mais em cima de Mr. Hetfild que acabará de brigar com Mustaine, expulsando-o da banda por má conduta, e consequentemente teve que assumir as guitarras principais e o papel de vocalista, coisa que ele não queria fazer.
Mustaine saiu da banda antes mesmo da primeira gravação ser concluida.
Ele compôs algumas músicas da banda, como a entitulada The Four Horseman (minha preferida do disco) que tinha o titulo original de Mechanix, relançada no disco Killing is My Business and Business is Good do Megadeth, banda que fundará depois do incidente com James.

Originalmente Mechanix é mais acelerada.
A música foi lançada no Kill' em All um pouco mais cadênciada com harmonias diferentes e pequenas mudanças nos solos.
O vocalista/guitarrista James Hetfield preferiu reescrever tudo, substituindo o tema futurista por uma versão bíblica dos quatro cavaleiros do apocalipse e acrescentou um intervalo lento com inspiração no clássico Sweet Home Alabama do Lynyrd Skynyrd.

Obviamente, as músicas escolhidas para figurarem no disco foram basicamente as 10 primeiras compostas nos últimos dois anos, as mesmas que já faziam a alegria dos fãs nas demos e nos shows da Bay Area.

Nessa época, materias de discos posteriores ja estavam sendo compostos, entre elas, os riffs de Fight Fire With Fire, Call of Ktulu e a introdução de Ride the Lighting, todas compostas com a ajuda de Dave Mustaine.

A música Hit the Lights era escolha óbvia para abriar o disco, ja que foi a primeira composição oficila do Metallica.
A influência do Motorhead, tanto nas palhetadas dos riffs, como na velocidade dos solos são bem evidentes.
Particulamente, acho que este disco possui os melhores riffs do Metallica, todos muito bem executados, muito bem compostos e bem variados.

Versões posteriores deste disco ganharam 2 musicas bonus, Am I Evil ? do Diamond Head e Blitzkrieg da banda de mesmo nome.
Devo fazer uma menção honrosa ao cover do Diamond Head, Am I Evil ?, esta pra mim é a que tem o melhor solo do disco.
O solo que mais se diferencia dos outros que seguem uma mesma linha sempre.

Outra que pra mim merece uma menção especial é Pulling Teeth (Anesthesia), composta por Cliff Burton.
Vale lembrar que Cliff entrou depois no Metallica, ficando no lugar de Ron McGovney que saiu da banda antes mesmo de terminar o processo de gravação.
O interessante é que Cliff se trancou na sala de gravação e não permitiu que nenhum outro integrante tivesse acesso a versão final do solo (nascido de um improviso e gravado com pedal de overdrive par guitarras) até que ele mesmo aprovasse.
Os demais integrantes acompanhavam Cliff apenas pelo vidro do aquário da sala, sem escutar o que o baixista fazia ou conversava com o produtor.
Confesso que demorei para gostar dessa música. O resultado foi uma técnica e experimental música instrumental, bem próxima das improvisações do King Crimson.
A voz que fala "Bass Solo, Take One" no começo da música é de James Hetfield.

Se você se interessa por um disco com bons riffs, esse clássico é totalmente indispensável.
Demorei para gostar desse disco.
Hoje eu digo...
Vale a pena.

sábado, 7 de março de 2009

The Rocky Horror Picture Show

The Rocky Horror Picture Show
The Rocky Horror Picture Show é uma comédia musical composta por Richard O' Brien e Jim Sharman, lançada em 1975 nos cinemas.
Trata-se de um dos melhores musicais da historia do cinema, e o único que leva a honra de ter o seu próprio culto.

As origens no teatro - "Rocky Horror Show"
Rocky Horror Show é originalmente uma peça que costumava ser apresentada no The Royal Court Theatre em Londres, e tinha um certo sucesso pela irreverência e bom humor, inclusive, pessoas famosas na época assistiam o espetáculo.
Quando a peça foi apresentada pela primeira vez em Los Angeles, pessoas como Carole King, Elvis Presley, e Keith Moon foram vistas prestigiando o espetaculo.


O filme
A ideia da transição do teatro para as telas do cinema nasceu dos próprios mentores da peça, Jim Sharman (o diretor do filme) e Richard O'Brien (que faz no filme, o papel do personagem Riff Raff).
Para isso várias idéias novas foram postas em discussão, entre elas, qual seria o tipo de filme a ser feito.
Como a linguagem de teatro é diferente da linguagem de cinema, eles escolheram dar para o filme uma roupagem "Trash" usando todos os clichês que eles conheciam de filmes B da década de 50, de terror e ficção científica, assim, o ar extravagante e exagerado da peça se manteria.
Nem todas ideias foram postas em prática de fato, uma delas foi a de fazer o filme sem cor até a chegada de Dr. N. Furter (Tim Curry), onde se faria um close em sua face, e o filme passaria a ter cor nesse exato momento.
Este seria na minha opnião um recurso interessante a ser usado, tornaria o filme mais simbólico, e fazendo uma bela referência ao clássico de 1939, The Wizard of Oz, do diretor Victor Fleming.

A produção cenográfica foi bem estravagante, o cenário escolhido foi castelo Oakley Court, agora um luxuoso hotel.
Nele podemos perceber diversas obras de arte famosas espalhadas por toda a parte.

A atuação de todos dos atores é sublime, com menção honrosa a Tim Cury, o que para muitos, foi sua melhor performace em toda sua carreira.
Outra menção honrosa vai para Patricia Quinn, que faz o papel da serviçal Magenta, ao mesmo tempo assustadora, engraçada e sexy.

Quem apostou no potencial da história foi Lou Adler, produtor responsável pelo filme Monterey Pop, que retratou o famoso festival de música. Ele acertou ao vender o projeto do filme para a Fox mantendo praticamente a mesma equipe, que incluía o inigualável Tim Curry, e o diretor australiano Jim Sharman, que havia trabalhado em montagens teatrais de Hair e Jesus Cristo Superstar.

O filme conta sobre um simpático casal, Brad Majors (Barry Bostwick) e Janet Weiss (Susan Sarandon), que acabam de se tornar noivos e vão de encontro a um antigo amigo, o professor Dr. Everett Scott (Jonahtan Adans).
No meio do caminho, ocorre um problema com o carro, e ambos se vêem obrigados a pedir ajuda aos moradores de um castelo local.
Este castelo seria na verdade uma faxada para uma nave alienigina (do planeta Transexual, da galáxia Transilvania) que pousara na terra.
Seu anfitrião é um cientista louco, travesti e bissexual que pretende criar um homem em seu esquisito laboratório para satisfazer seus desejos sexuais.


Quando o filme estreiou, de cara, ja agradou a todos e se tornou um sucesso mundial na época.

MENTIRA !!

O filme foi um fracasso logo na estreia, não rendeu praticamente nada. Muitas pessoas (conservadoras) saiam no meio da sessão muito ofendidas.
O filme foi feito literalmente para "soltar a franga" e leva consigo toda aquela questão do "transexual" e ainda uma forte carga erótica, de entrega absoluta ao prazer carnal.
O motivo de indignação de muitos, teve uma repercusão opostas a pequenos grupos de pessoas que gostaram muito do que foi apresentado.
Elas não apenas gostaram do filme, mas se tornaram verdadeiros fans, e são essas pessoas que fizeram de "The Rocky Horror Picture Show" ser o filme que em todos os sentidos define o conceito de CULT no cinema.
Este filme é um dos mais intrigantes fenômenos da cultura pop de todos os tempos.

As sessões interativas
Foi graças à decisão de uma gerente do Waverly Cinemas, no Greenwich Village, em Nova York, de promover sessões da meia-noite, em 1976, que The Rocky Horror Picture Show começou a ter um público cativo, que acompanhava as falas em clima de festa.

Esse filme começou a ser exibido em horarios alternativos em diversos lugares da Europa e nos Estados Unidos, e eram vistos por uma plateia fiel e entusiasta que se vestiam como os personagens e criavam uma série de "atos interativos".

Próximo à época do Halloween , um grande número de pessoas vestidas à caráter se reunia para as sessões do filme, dando início às intervenções "oficiais". Quando Janet reclama da chuva, por exemplo, o público diz: "Compre um guarda-chuva, sua vaca pão-dura!" e abre guarda-chuvas no cinema. Há também "sacadas", como a hora em que o público pergunta: "Janet, você quer transar?" e Sarandon olha para a câmera. "Pense no assunto", diz o público, e ela sorri "para o público".

Aqui vão mais algumas:

Arroz: Na primeira cena do filme, dois amigos de Janet e Brad se casam. Assim que os noivos deixam a igreja, pegue um punhado de arroz e jogue pela platéia.

Jornais: Quando Brad e Janet estão fugindo da chuva, a mocinha utiliza um jornal para cobrir a cabeça. Pegue uma folha de jornal e faça o mesmo.

Pistolas de água: No mesmo momento, alguns membros da platéia “simularão” a tempestade com instrumentos do gênero - por essa razão, é bom levar o jornal.

Luzes: Durante a canção cujo verso é “There’s a light / Over at the Frankenstein Place”, acenda uma luz. Serve uma vela, um isqueiro, uma lanterna…

Dança transilvânica: Durante a canção mais animada do filme - Time Wrap, siga os passos indicados pelo filme e dance também. Sem constrangimentos.

Luvas de borracha: Durante o discurso da criação, o Doutor Frank N. Furter “estala” suas luvas cor-de-rosa três vezes. Estale também, mantendo um sincronismo capaz de realizar um excelente efeito sonoro.

Barulhos: Ao final do discurso, os espectadores transilvânicos comemoram entusiasmados, usando línguas de sogra, matracas, entre outros apetrechos barulhentos. Pegue o seu e siga o coro da maioria.

Confete: Quando Doutor Frank termina de cantar “Charles Atlas Song”, os transilvânicos jogam confete em Rocky, o loirão criado por Frank. Obviamente, faça o mesmo.

Papel higiênico: Quando Dr. Scott aparece no filme, aparece o rosto de Brad em close e, após um rápido silêncio, ele diz: “Great Scott”. Scott é uma marca popular de papel higiênico nos EUA. Por essa razão, rolos voam pela sala nesse momento.

Torradas: Durante o jantar, Frank propõe um brinde aos convidados - “a toast”. Aqui, os espectadores arremessam torradas ao vento.

Chapéu de festa: Após o brinde, Frank coloca um chapeuzinho de aniversário. Faça o mesmo.

Sino: Durante a música seguinte, Frank canta “Did you hear a bell ring?”. Nesse momento, chacoalhe o seu sininho. Um molho de chaves também serve.

Baralho: Em uma das canções finais, Frank canta “Cards for sorrow, cards for pain”. Hora de jogar cartas de baralho para cima. Nessa altura, a sala de cinema já está uma verdadeira IMUNDÍCIA.

Em São Paulo, o filme ja fora apresentado como sessão interativa no Vivo Open Air.

Músicas
Science Fiction/Double Feature
Esta é considerada por muitos a melhor música do filme, e para pessoas como Patricia Quinn "a música mais maravilhosa de todos os tempos".
Exageros a parte, esta de fato é uma música excelente. Cadenciada, com saxofones bem encorpados e uma bela linha melódica.


No filme, a música é cantada por uma "boca". Isso mesmo, só uma boca e nada mais.
Essa boca é de ninguem menos da maior fã dessa música, justamente Patricia Quinn, nossa eterna Magenta, porém, a voz que canta é de Richard O' Brien, nosso inigualável Riff Raff.
Particulamente achei a letra bem interessante, ela é engraçada, dá alguns Spoilers sobre o próprio filme, de certa forma apresenta alguns personagens, e faz referências a diversos filmes B antigos.
As referências seguem abaixo.

Michael Rennie was ill the day the earth stood still, but he told us where we stand

The Day the Earth Stood Still (O dia em que a terra parou) é um filme de ficção científica, lançado em 1951, que narra a visita de um ser alienígina na terra para trazer paz entre os povos do planeta, ganhando em 1952 o Globo de Ouro honorífico ao melhor filme a promover o entendimento internacional.
Michael Rennie é o ator principal deste filme.

And Flash Gordon was there in silver underwear
Flash Gordon é o super-heroi espacial criado em 1934 por Alex Raymond.
Suas historias se tornaram bem populares atingindo vários seguimentos como quadrinhos, séries de TV, e até mesmo filmes.

Claude Rains was the invisible man
Invisible Man é um filme de horror lançado em 1933.
Claude Rains é o ator que faz o papel de Griffin, o homem invisível do filme.

Then something went wrong for Fay Wray and King Kong, they got caught in a celluloid jam
King Kong um o popular filme de aventura lançado em 1933, considerado como um dos maiores clássicos do cinema, e selcionado para preservação nos Estados Unidos pela Biblioteca do Congresso, e comentado pela revista Empire como o "melhor filme de monstros de todos os tempos".
Fay Wray é a moça que faz o papel de Ann Darrow no filme original.

Then at a deadly pace it came from outer space
Conhecido aqui no Brasil como "Veio do espaço" este é um filme americano de ficção científica lançado em 1953, baseado numa historia de Ray Bradbury, com adaptação de Harry Essex.

Doctor X will build a creature
Dr.X é um filme de horror de 1932, conhecido por abordar temas como assassinato, estrupo, canibalismo e prostituição. Fay Wray participa desse filme.

Anne Francis stars in Forbidden Planet
Conhecido aqui no Brasil como "Planeta Proibido", este é um filme estadunidense de ficção científica lançado em 1956.
Ele serviu de inspiração para Star Trek, conforme contou Gene Roddenberry em sua autobiografia.

I knew Leo G. Carroll was over a barrel when Tarantula took to the hills
Tarantula é um filme de horror e ficção científica lançado em 1955, que conta sobre um acidente de uma experiência biológica que faz uma aranha ficar gigante.
Leo G. Carroll é um dos atores que participam do filme.

And I really got hot when I saw Janette Scott fight a Triffid that spits poison and kills
Essa parte faz referência a um filme de ficção científica sobre plantas carnívoras chamado The Day of the Triffid, de 1962.
Jannet Scott é uma das atrizes que participam do filme.

Dana Andrews said prunes gave him the runes, and passing them used lots of skills
Essa parte faz referência ao filme "Night of Demon", de 1957, um dos mais cultuados filmes de terror.

But when worlds collide, said George Pál to his bride, I'm gonna give you some terrible thrills
When Worlds Collide é um filme de ficção científica de 1951, baseado em um livro de ficção científica de Phillip Gordon Wyile e Edwin Balmer lançado em 1932.

Fuçando na internet, eu encontrei uma versão alternativa da abertura desse filme, a ideia abandonada dessa abertura, e queria compartilhar com vocês, achei muito interessante.



Ele mostra várias cenas de filmes antigos que inspiraram a letra dessa música, vale a pena conferir.

Dammit, Janet
A música que conduz Brad Majors a declarar seu amor por Jannet Weiss.
É uma das melhores canções do musical na minha opnião, possui um dueto e arranjos orquestrados lindos.

A música constroi na rima "Dammit, Janet" uma gag lexical, baseada na paronimia, o uso de palavras estrutura fonológica e grafia semelhantes, com significados distintos.

Over at the Frankenstein Place
Cantada por Brad, Janet e Riff Raff, esta é a música cantada no quintal do castelo de Dr. N. Furter, sob a chuva.
A voz aveludada de Susan Sarandon é o ponto forte da música.

The Time Warp
Não é possivel falar de Rocky Horror Picture Show sem falar de Time Warp. Essa talvez seja a principal musica do filme.
Trata-se de uma música dançante, com bases de pianos, guitarras, bateria, contra-baixos, e instrumentos de sopro. A letra da música ensina os passos da dança.


Em sessões interativas do filme, esta é a música de maior participação da plateia.
Ela simboliza uma espécie de ritual de confraternização entre os "transilvanos" que, no conceito do filme, são alieniginas de uma galáxia distante.

É também a cena do filme que a personagem Columbia é apresentada, com um figurino típico de musicais da Broadway, ela entra em cena cantando e sapateando.


Sweet Transvestite
Esta música marca a aparição do Dr. N. Furter, representado fantásticamente por Tim Curry.
Columbia, Magenta, e Riff Raff acompanham a música como backing vocals.
Ela é marcada por um uso marcante de Saxofone, lembrando bem um Soft Jazz ou algo parecido.
No meio da música, há interncalado uma fala de Brad Majors, que uma liga uma parte da musica a outra.


The Sword of Damocles
Damocles é uma figura participante de uma anedota (piada) moral da cultura grega classica, que figura na historia perdida de Sicilia de Timaeus de Tauromenium (historiador grego que nasceu por volta de 352 A.C.).
Damocles é um personagem, que dialogando com o Deus Dionísio (Deus das Festividades), disse este ser um verdadeiro afortunado.
Dionisimo então ofereceu-se para trocar de lugar com ele por um dia, para que ele, assim, também pudesse sentir o gosto de toda essa sorte.
A noite, um banquete foi realizado, e Damocles foi servido como um rei, mas ao final da refeição, olhou para cima e percebeu que havia uma espada afiada apontada diretamente para sua cabeça e suspensa por um único fio.
Ele foi então se levantando, pronto para sair correndo, mas temia ao mesmo tempo que um movimento brusco pudesse arrebentar aquele fio.
A espada de Democles é uma alusão frequentemente usada para remeter a este conto, representando a insegurança daqueles com grande poder, ou, mais genericamente, qualquer sentimento de danação eminente.


No filme, esta é a música que apresenta o Rocky, personagem que dá nome a peça toda.
A sua primeira aparição é marcada por um medo terrivel de perigo eminente, e por isso, ele é relacionado a Damocles.
Ele se torna afortunado por ter ganhado a vida, mas ao mesmo tempo, se sente ameaçado, como se a espada de Democles tivesse sido colocada suspensa sobre sua cabeça, e a qualquer momento alguem viria para "cortar o fio".

I Can Make You a Man (tambem conhecida como The Charles Atlas Song)
Canção mais homoerótica do musical.
A canção revela como Frank Furter planeja "aperfeiçoar" sua criatura.

Hot Patootie (tambem conhecida como Whatever Happened to Saturday Night ?)
É a música que apresenta o personagem Eddie (representado por Meatloaf).
Ele sai de uma câmara criogênica, derrubando uma parede, e entrando com tudo de moto, no meio da celebração de Frank.


Com postura rebelde, típica dos Rockers da decada de 50, ele apresenta uma das melhores musicas do musical, presente no disco Live Around the World do proprio Meatloaf, e também em uma excelente versão presente na versão japonesa do disco Another World da carreira solo do guitarrista do Queen, Brian May.
Musica essa que pode ser conferida abaixo.



Como podem ver, trata-se de uma música de versos rápidos, ritmo cadenciado.

Quando Richard O' Brien trouxe a música Hot Pattotie para Meatloaf cantar, ele imaginava que ele não iria conseguir encaixar todas as palavras na melodia, mas com sua surpreendente capacidade de dicção, viu que estava errado.
A música original na minha opnião é melhor, com excelente uso do Sax.

Touch-a, Touch-a, Touch Me
Musica com o maior teor explicito de sexualidade.
É a música que Janet se entrega ao prazer da carne, seduzindo criatura de Frank. Outra demonstração de que Susan leva jeito para música, voz belíssima.


Eddie
Depois de todos pegarem Jannet no flagra com Rocky, todos na casa, inclusive um novo visitante (Dr. Everett Scott) são convidados para um jantar, onde o clima de descontentamento paira sobre o silêncio na mesa.

Everett Scott teria vindo em busca de seu sobrinho, Eddie, e propõe o assunto. Mesmo contra a vontade de Dr. Furter, ele começa uma música dançante que conta sobre a controversa personalidade de Eddie, totalmente genial.

You Better Wise Up (ou Planet Schmanet Janet)
Depois de ter mostrado o corpo de Eddie por debaixo dos panos da mesa, assustando todos, Frank observa Jannet correndo assustada para os braços de Rocky, que a recebe com um sorriso aberto.
Nesse momento Frank explode de raiva e começa a demonstrar (musicalmente) todo seu desdem por Jannet Weiss, contando o quanto ele não a acha atraente e provocando.
No final todos são petrificados por uma estranha maquina chamada "Medusa".

Rose Tint My World
Essa é a música em que todos de fato soltam a franga, todos os 4 que foram petrificados são despedrificado (des-medusa) um por um.

A canção é cantada por Columbia, Rocky, Brad e Janet, onde cada um esta maquiado e transvestido com uma meia arrastão e sapatos de salto alto.

Rose Tint My World é um titulo baseado em uma expressão idiomática americana, Rose Colored Glasses, que tem seu significado proximo ao "seja otimista e não se preocupe com os problemas".

Columbia é a primeira a ser despetrificada, e logo de inicio, canta sua insatisfação em ver Frank criando uma criatura para satisfazer sua luxuria por completo.
Obs: Pouco antes dessa cena, ela revela sua historia no filme. Ela teria sido uma das amantes de Frank no passado, tal como Eddie.
Embora a insatisfação inicial é expressa, ela revela seu "amor por uma certa droga" que é suficientemente capaz de "pintar seu mundo de rosa, e livrá-la dos problemas e da dor".

Rocky, é despedrificado, ja contando que sua luxuria não pode ser controlada, e que toda esta energia sexual "pinta seu mundo de rosa, e livra-o de todos os males".

Uma das cenas mais engraçadas vem agora, a despetrificação de Brad Majors.
Da pra ver claramente o quanto ele era um "enrustido".
Seus desejos secretos são mais fortes que suas convicções morais. "Esta além de mim, me ajude mamãe, serei bom, você verá, afaste esse sonho de mim".
Obs: Tal como disse Richard O' Brian em uma entrevista, quanto mais reprimido é um desejo, mais ele se torna irresistivel, a ponto de explodir, e é exatamente isso que Brad faz na cena.

Em seguida vem Janet Weiss, contando sobre a perda da inocência. Ela já não era aquela figura patética e romântica do começo do filme, a sua máscara também caiu, e vemos ela como uma verdadeira ninfomaniaca, confiante e segura de si.

Don't Dream It, Be It
Essa é talvez a música chave para entender a temática do filme. "Não sonhe, Seja".
O filme o tempo todo joga essa ideia de liberação de desejos reprimidos, e aqui, essa ideia atinge seu explicito máximo, e é dona de uma das cenas que mais chocaram os conservadores.
A de todos mergulhando de meia-arrastão em uma pscina com o fundo de uma pintura sacara de Michelangelo (A criação de Adão), e todos começam a se acariciar e se beijar.


Nessa última música, é despetrificado o ultimo que faltava, Dr. Evertt Scott. E, seguindo uma linha de pensamento conservadora, ele critica toda aquela expressão de luxuria acontecendo na piscina, o qual ele se refere como "decadência". Mas no final das contas ele acaba se revelando quando se vê de meia arrastão por debaixo de seu cobertor.

Interessante é que no final da cena, Janet pronuncia a frase, "Deus abençoe Lili St. Cyr". Lili St. Cyr é uma modelo pin-up norte americana e stripper famosa na decada de 40 e 50.
Lili representa toda a afloração eminente da sexualidade de uma mulher, afloração essa que Janet acabou de experimentar.

Wild and Untamed Things
Essa música representa toda empolgação que envolveu a todos depois da liberação de seus desejos mais secretos.
Eles se tornaram "coisas selvagens e indomadas".

No final desta música, Riff Raff aparece armado junto com sua irmã, Magenta, anunciando uma rebelião e dizendo se preparar para voltar ao planeta de origem.

I'm Going Home
Sempre pressionado por Riff Raff e Magenta a voltar para o planeta de origem (o que motivou a rebelião), e pela demora disso acontecer, Frank resolve explicar que também sente saudades de "casa", e que está pronto para partir.
Em uma belíssima canção, Frank imagina uma plateia.
Porém Riff Raff revela que não era planejado que Frak voltara junto com eles, e Frank se da conta que a plateia esta vazia. Em seguida Riff Raff mata Columbia, Dr. Frank e por fim, Rocky e parte com a nave para o planeta de origem, sem antes deixar Brad, Janet e Dr. Everett Scott na terra.

Superheroes
Última música do musical interpretada por Brad, Janet e pelo criminologista, ela reflete um certo ar depressivo de despedida. Frank desceu a terra, revelou os desejos secretos de cada um, e depois, derrepente ele não existe mais.
Brad Majors revela esse vazio, se rastejando em meio a poeira, dizendo estar "sangrando" por dentro. Janet revela ter se transformado, "eu provei da carne e não pararei aqui". Enquanto o criminologista faz uma deprimente (porém verdadeira) análise do papel do ser humano no universo.
Esta música foi cortada em algumas versões norte-americanas do filme.
Após isso, há uma reprise da música Science Fiction/Double Feature e uma versão instrumental de Time Warp.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Pink Floyd - The Wall

The Wall - Pink Floyd

The Wall é um album conceitual do Pink Floyd lançado em 1979, aclamado por críticos e fãns de todo mundo como um dos melhores albuns do Rock'n Roll, recebendo 23 discos de platina, ficando na terceira posição dos albuns mais vendidos de todos os tempos nos EUA, e alcançando o topo da lista da Billboard em 1980.

Contexto
A inspiração de Waters para compor essa obra prima do Rock'n Roll se deu inicialmente com um concerto da disgressão de Animals em 1977.
O nome dessa turnê, batizou 2 músicas do disco, "In the Flesh" e "In the Flesh ?".
Ocorreu, é que durante essa turnê, Roger Waters estava passando por um estado patológico de depressão e neurose, que impelia ele a se isolar do mundo, de seus amigos, encontrando apenas na música, algum conforto e foi neste estado que ele escreveu "The Wall" e "The Pros and Cons of Hitch Hiking", este último sendo escolhido por ele mesmo e pela banda para ser uma iniciativa solo, por ter sido considerado muito pessoal.

The Wall, que significa "o muro" em português, é um arquétipo abstrato do sentimento de angústia, que nos joga para uma isolação inconsciente, nos dando a impressão de que não existe saída para nossos problemas.

Brigas internas
Foi nesse disco que a banda começou a se dissolver, as desavenças entre Waters e o tecladista Richard Wright chegaram num ponto insuportável para ambos, o que acabou com a demissão do finado tecladista, que apesar disso, continuou na banda apenas para dar continuidade nos concertos ao vivo do disco, porém sendo considerado e pago como músico contratado

O clima tenso entre os integrantes durante a gravação do disco pode ser conferido nas citações abaixo:

"As gravações foram muito tensas, principalmente porque Roger estava começando a ficar um pouco doido. Já estava tudo gravado quando ele brigou com Rick. Rick tem um estilo próprio, muito específico para o piano e ele não estava conseguindo compor nem adaptar com facilidade. Isto é um grande problema quando as outras pessoas estão discutindo quem fez o que e quem leva os créditos. Roger e Dave estavam trabalhando como uma dupla, colocando-me de lado. Houve momentos em The Wall em que os dois fizeram tudo. Rick estava incapacitado e eu não podia fazer nada para ajuda-los."
Nick Mason (baterista)

"Nós tinhamos um estúdio no sul da França, onde Wright ficava hospedado. Os outros alugaram casas a cerca de 20 milhas de distância. Íamos para nossas casas de noite e dizíamos a Rick 'Faça o que quiser, aqui estão as trilhas, escreva algo, inclua um solo, faça algo. Você tem todo o tempo do mundo para fazer isto.'. Durante todo o tempo em que estivemos lá, e foram vários meses, ele não fez nada. Ele não era capaz de tocar nada!"
David Gilmour(guitarrista)

"Roger nos apresentou o álbum em um demo, e todos sentimos que era potencialmente muito bom, mas musicalmente fraco, muito fraco. Bob Ezrin, Dave e eu trabalhamos nele para torná-lo mais interessante. Mas Roger e seu grande ego daqueles dias ficavam dizendo que eu não estava me dedicando o bastante, apesar de não me deixar fazer nada. A crise veio quando nós todos saímos de férias depois do fim das gravações. Uma semana antes das férias terminarem recebi uma ligação de Roger, que estava na América, convocando uma reunião do grupo imediatamente, onde disse que queria que eu abandonasse a banda. A princípio recusei. Então Roger disse que se eu não saisse após o lançamento do álbum ele abandonaria o grupo naquele instante e levaria as gravações com ele. Não haveria álbum nem dinheiro para pagar nossas enormes contas. Tive que aceitar, tinha duas crianças para criar. Foi terrível. Agora eu sei que errei, era um blefe de Roger. Mas eu realmente não quero mais trabalhar com esse cara nunca mais."
Richard Wright (tecladista)

Ironicamente ele foi o único a ganhar dinheiro, já que o custo dos shows era tão elevado que o grupo simplesmente levou prejuizo. Wright, como contratado, recebeu seu salário e saiu limpinho.


Análise do disco:

Considerações Iniciais

A análise do disco que farei abaixo terão a visão do disco propriamente dito, com citações de letras e do que entendi delas, e a visão do diretor Alan Parker, em seu filme, "The Wall" inspirado no disco.
Portanto, antes de começar a ler, saiba haverá Spoilers do filme abaixo.

Cartaz do filme de Alan Parker, baseado no disco da banda


In the Flesh ?

Essa música faz uma referência a uma confusão feita por um fã num show da turne desse mesmo nome (disgressão do disco Animals), onde Roger Waters, teria cuspido na cara dele por incomodar a banda numa apresentação feita em Montreal.


Então você resiste você gostaria de poder ir ao show Para sentir o calor vibrante da confusão Este cadete do espaço em incandescência Diga-me alguma coisa esquivando querido?

Isto não era o que você queria ver? Se você quiser encontrar o que esta por trás deste olhos frios Você terá de ter garra em seu caminho com este difarce

A visão de Alan Parker no filme The Wall.
Alan Parker, baseando-se na propria vida de Roger Waters, transforma o significado da música para algo mais profundo.
Na música, Floyd (o personagem principal do filme, interpretado por Bob Geldof) relembra o primeiro desastre inevitavel da sua vida, a perda de seu pai na 2° guerra mundial (o pai de Waters realmente morreu nessa guerra).
No filme há cortes de cenas, hora de um protesto feito por jovens (sendo repreendidos por policiais), hora soldados correndo num front em pleno bombardeio. A relação dessas cenas são quase metafóricas.

The Thin Ice
Os primeiros versos dessa música faz referência a infância de Waters, e parece ser um terno afago de sua mãe, na tentativa de consolar o pequeno pela morte de seu pai.

Mamãe ama o seu filho E papai também o ama E o mar pode parecer revolto para você baby E o céu pode parecer azul Ooooh bebe Ooooh bebê tristre (ceu azul) Ooooh bebe
Ps: A expressão "Baby Blue" tem duplo sentido na música, tanto pode ser "Azul Claro" se referindo ao céu azul, continuando a ideia dos primeiros versos antes do refrão ou pode ser bebê triste, que se refere mais especificamente ao pequeno waters, e seu estado de espirito.

Ambas as frases se encaixam bem no entendimento da música.

Os versos seguintes são ainda mais interessantes

"Se você fosse patinando Sobre o gelo fino da vida moderna Arrastando atrás de você a censura silenciosa De um milhão de olhos cheios de lágrimas Não ficaria surpresa, quando uma racha no gelo Aparecesse debaixo de seus pés Você deslizaria na sua profundidade e sairia fora de si Com seu medo fluindo atrás de você Enquanto você arranha o gelo fino."
A vida moderna aqui é comparada a um gelo fino, o que da uma ideia de superficialidade, e esse gelo pode se romper a qualquer instante.
Estamos patinando, arranhando esse gelo fino, sem nos darmos conta de sua fragilidade. Estamos cegos pelo nossa propria individualidade, e ignoramos o perigo em não caminhar numa base de ideias sólidas e firmes.

A visão de Alan Parker
Alan Parker no filme continua introduzindo o tema GUERRA na trama, o primeiro (e talvez, principal) absurdo da vida de Pink

Another Brick on the Wall
"Papai se foi através do oceano, Deixando apenas uma lembrança: Um instantâneo no álbum de família. Papai, o que mais você deixou para mim? Papai, o que você deixa para trás, para mim? No total, foi apenas um tijolo no muro, No total, foi tudo apenas tijolos no muro... "

Como pode se perceber, Waters se foca claramente nessa música com a morte do pai.
Há uma certa disparidade entre o filme e o album.
No filme, a questão da morte do pai do Waters ja é tratada logo no inicio, com a música In the Flesh ?, que originalmente no disco, apenas conta sob o evento ocorrido na disgressão do disco Animals.
Se seguirmos o disco em si, nos damos conta que essa é originalmente a primeira música a tratar o tema da morte do pai, e o quanto ele sentiu falta dele na infância.

A visão de Alan Parker
Alan Parker foi bem coerente com a música,
Quando a música é tocada, é mostrada na cena, o pequeno Pink no parque sozinho, onde ele encontra um simpatico homem e pede para ele por em cima de um brinquedo.
Pensando ter encontrado um pai, Pink começa a seguir ele, e logo é rejeitado pelo simpatico homem.

Isso mostra bem a ideia de solidão, e a falta que Waters sentia do pai.

Assim, o muro ganha sua pedra fundamental, seu primeiro tijolo. Afinal de contas, a morte do pai na guerra foi para Floyd apenas um tijolo no muro, como diz a música "Another Brick in the Wall".

The Happiest Day of Our Live
O dia mais feliz de nossas vida. Essa música é apenas uma introdução temática a musica que se segue... Another Brick on the Wall (Part II)...

"Quando nós crescemos e fomos para a escola Haviam certos professores que machucavam a criança de qualquer forma possível Zombando de qualquer coisa que faziamos E expondo qualquer fraqueza Tão bem escondida pelas crianças Mas na cidade era bem sabido Que quando eles iam para suas casas a noite Suas gordas e psicopatas esposas esmigalhavam cada pedacinho da vida deles."

O sarcasmo e a violência com que os professores tratam os alunos (segundo Waters) na sala de aula são atribuídos aos problemas que eles (professores) enfrentam em casa com suas "esposas psicopatas e gordas".
Essa visão é fielmente representada por Alan Parker no filme


Another Brick on the Wall (Part 2)
Sem sombra de dúvida, a canção mais popular do disco.
Ela põe em discussão qual é o papel de um dos alicerces de nossa sociedade, que é a educação. Eu particulamente acho que essa canção é uma espécie de revisão de uma música de 1972 de Alice Cooper, Schools Out, que também demonstrava essa ideia de descontentamento com a escola, porém, a musica de Alice segue num tom mais festivo, enquanto a do Floyd vai para um lado mais sagaz, político e direto, tanto que o refrão da música mostra bem isso "We don't need education".
Comparações a parte, há curiosidades interessantes sobre essa música.
Waters teve a ousada ideia de usar um grupo coral estudantil para cantar o polêmico refrão da música, o que o deixaria ainda mais polêmico, colocar as próprias crianças para cantar contra a educação, seria algo mal visto até nos dias de hoje.
O grupo foram até a famosa Islington Green School, e interrompendo uma aula, fizeram o convite aos alunos para a gravação do refrão, que seria editado e sobreposto a música.
A voz do grupo coral foi sobreposta ainda doze vezes para dar a impressão de que haviam mais gente cantando.

Colégio Islington Green School

Apesar do colégio receber um pagamento de mil libras, não houve operações contratuais para royalties. Pela lei de copyright de 1996, o coro ficou elegível a ganhar royalities. Os alunos foram reunidos por um site da internet e processaram a banda. Especialistas dizem que cada aluno ganhou o equivalente a quinhentas libras e uma cópia do disco The Wall.

A visão de Alan Parker
Acho que de todas as cenas, essa foi a maior demonstração genialidade de todo o filme.
Além de encaixar perfeitamente a música com a cena, Alan Parker construiu uma sequência de cenas que definem muito bem a questão alienação na educação, representada pelas máscaras com botões no rosto das crianças, trazendo a tona, questões como a perca da identidade própria, e a escola como uma fábrica, comparando a educação com um processo industrial.
Vale lembrar também a clássica cena do pequeno Pink imaginando a escola sendo destruída, ao som do magnifíco solo de Gilmor.

Mother
"Mãe, você acha que eles jogarão a bomba? Mãe, você acha que eles gostarão dessa música? Mãe, você acha que eles tentarão me castrar? Mãe, eu devo construir o Muro? Mãe, eu devo concorrer para Presidente? Mãe, eu devo confiar no Governo? Mãe, eles me colocarão na linha de fogo? Mãe, Isso é só uma perda de tempo? Filho, fique quietinho agora, não chore Mamãe irá fazer todos os seus pesadelos virarem verdade Mamãe ira colocar todos os medos dela em você Mamãe vai manter você bem debaixo da asa dela Ela não lhe deixa voar, mas talvez lhe deixará cantar Mamãe lhe deixará aconchegado e aquecido Ooooh bebê, Oooooh bebê, Ooooh bebê Claro que mamãe irá lhe ajudar a construir o Muro Mãe você acha que ela é boa o bastante -- para mim? Mãe você acha que ela é perigosa -- para mim? Mãe, ela vai rasgar seu Menininho em partes? Mãe, ela irá quebrar meu coração? Filho, fique quietinho agora, não chore A mamãe vai checar todas as suas namoradas pra você Mamãe não irá deixar ninguém sujo se aproximar Mamãe vai esperar, até que você entre Mamãe vai sempre descobrir por onde você esteve Mamãe vai sempre manter o bebê saudavel e limpo Ooooh bebê, Oooooh bebê, Ooooh bebê Você sempre irá ser uma criança para mim Mãe, precisava ser tão alto?"

Esse é um outro fator que influenciaria a personalidade de Waters (ou Pink), a superproteção da mãe, em várias questões de sua vida, principalmente em sua vida amorosa.
"Claro que mamãe irá lhe ajudar a construir o Muro"

A visão de Alan Parker
O relacionamento entre 2 pessoas é mais explorado durante a execuçao da música, e não enfoca muito a relação do personagem com sua mãe, Alan Parker atentou mais para a consequência dessa superproteção materna em relação aos relacionamentos de Pink, como é dito na propria letra.
No filme, aparece um contraponto entre o menino curioso, que observa a vizinha trocando de roupa com o binóculo, e o homem revoltado, que prefere o jogo de futebol (observe que nem no jogo ele presta muita atenção) do que fazer amor com sua mulher. A sua introspecção fez com que ele perdesse até mesmo o seu desejo sexual, um claro indício de depressão.


Goodbye Blue Sky
Faz uma clara alusão a guerra, e questiona os motivos que se usam para entrar em combate, o pai de Waters teria morrido em vão.

"Você viu eles assustados? Você escutou as bombas caindo? Você ja se perguntou porque nós temos que correr para se proteger quando a promessa por um mundo novo e corajoso abriu embaixo de um lindo céu azul?"

A visão de Alan Parker no filme The Wall.

Nessa música, pode-se notar uma crítica severa ao governo, mais especificamente o inglês, lógico, ambientando o filme para a vida de Waters.
Existe uma cena antológica do filme, em animação, apresentando uma bandeira inglesa que se despedaça se transformando em uma cruz fincada no chão, e que começa a sangrar, fazendo uma referência clara ao que se esconde atrás da propaganda patriota que se faz em tempos de guerra, mostrando o verdadeiro significado que se esconde atrás do ideal de defender a bandeira de seu pais.

Cena de Good Bye Blue Sky

Empty Spaces
" O que devemos usar para preencher espacos vazios? Onde costumávamos falar? Como devo preencher os últimos lugares? Como posso completar o muro? "
A letra dessa música reflete um momento de solidão de Waters, e sua dúvida de como se deve preencher esse espaço vazio "Empty Space".

Visão de Alan Parker
Essa reflexão é feita depois que Pink tenta ligar para sua esposa, e é ignorado 2 vezes, a telefonista revela ser uma voz masculina na linha, e Pink contasta sua traição.
Depois dessa cena, há a entrada da introdução da música (fantástica por sinal), e uma das mais interessantes animações do filme.
Para representar uma briga conjugal, a sequência de animação apresenta 2 flores brigando. No inico elas, se esfregam e se acariciam, mostrando bem como é o começo de qualquer relação amorosa. Em um certo ponto, é quase evidente a representação nos desenhos de uma relação sexual, pois as flores tomam formas próximas a de órgãos genitais.
Para representar essa traição, a flor que representa a mulher (que tem a forma de um clítoris), fica maior, e engole a flor que representa o homem (com forma de pênis).

Empty Spaces, na versão do filme é estendida, ganhando uma segunda parte "What Shall We Do Now?", que completa o sentido da primeira parte.

" O que faremos para enchermos os espaços vazios? Onde ondas de fome urram Nós devemos atravessar o mar de rostos? À procura de mais e mais aplausos Devemos comprar uma nova guitarra? Devemos dirigir um carro mais potente? Devemos trabalhar a noite toda? Devemos ter dentro de nós, espírito de luta? Deixe as luzes acesas As bombas caírem Viaje para o oriente Contraia doenças Enterre os ossos Destrua as casas Envie flores pelo telefone Tome um drink Vá a um psicólogo Deixe de comer carne Durma poucas vezes Trate as pessoas como se fossem uns animais de estimação Treine os cachorros Para correrem atrás dos ratos Encha o sótão de dinheiro vivo Enterre o tesouro Armazene o tédio Mas de maneira alguma relaxe Com nossas costas viradas para o muro "
Os espaços vazios tem que ser completados de alguma forma, seja pela fama e o estrelato "À procura de mais e mais aplausos", seja pelo consumismo "Devemos comprar uma nova guitarra?/Devemos dirigir um carro mais potente?".
A falta de algo sólido para completar esse vazio o torna iludidamente mais feliz, a última estrofe revela e alterta isso, "Mas de maneira alguma relaxe/Com nossas costas viradas para o muro".
Podemos entender dessa última frase, nos exorta a nunca virar as costas para o muro (nossos problemas), não podemos simplismente fingir que o "muro" não está lá, só porque estamos "de costas" e não conseguimos enxergá-lo, por mais que essa ideia de reelaboração cognitiva nos conforte.

Young Lust
Essa música representaria uma outra forma de preencher o vazio, através da luxuria.

" Eu sou apenas um novo cara Um estranho nesta cidade Onde estão os bons tempos? Quem vai mostrar o lugar para este estranho? Eu preciso de uma mulher safada Eu preciso de uma garota safada Será que tem alguma mulher nesta terra deserta que me faça sentir como um verdadeiro homem? Leve este refugiado do rock and roll Ooh, amor, me liberte Eu preciso de uma mulher safada Eu preciso de uma garota safada Eu preciso de uma mulher safada Eu preciso de uma garota safada "
A visão de Alan Parker No filme de Alan Parker, há uma divertidissima sequência de cenas em que aparece as groupies de Pink, se infiltrando num backstage cheios de roadies, e fazendo uma "festinha", coisa que, como sabemos muito bem, sempre ocorre nesses meios artísticos.
Mais uma vez, a música muito bem sincronizada com o filme, as mulheres parecem acompanhar a música de forma impecavel, uma sequência interessante, um riff de guitarra sincroniza perfeitamente com uma cena de um suposto sexo oral de uma groupie com um policial, acho esse elemento típico do musical fantástico.

One of My Turns
" Dia após dia, o amor esmorece Como a pele de um homem morrendo Noite após noite, nós fingimos que está tudo bem Mas eu envelheci e Você cresceu mais fria e Nada mais é mais tão divertido. " Até esse ponto, o descontentamento afetivo de Waters se torna bem evidente, mostrando bem as visceras das relações afetivas, e o que ele se torna depois de um certo momento

" E eu posso sentir uma de minhas crises chegando. Eu me sinto frio como uma lâmina de barbear Apertado como um torniquete Seco como um tambor fúnebre Corra para o quarto, na mala da esquerda Você achará meu machado favorito Não olhe assim tão assustada Isto é apenas uma fase passageira Apenas um de meus dias ruins Você gostaria de assistir T. V.? Ou ficar entre os lençóis? Ou contemplar a estrada silenciosa? Você gostaria de comer alguma coisa? Você gostaria de aprender a voar? Você gostaria de me ver tentar? Você gostaria de chamar a polícia? Você acha que é hora de eu parar? Por que você está fugindo? "
Nessa parte a música se torna mais estérica, dando a ideia de uma explosão de raiva mesmo.
Da pra sentir o clima de fúria apenas lendo as letras.

A Visão de Alan Parker
No filme, Pink leva uma das fãs até seu trailer, e o que se segue não é o que se esperava, o sexo, mas sim uma das mais chocantes cenas do filme, onde Pink, em uma de suas crises (One of My Turns) sai quebrando tudo em seu trailer em cima da garota, que acaba fugindo, "Por que você está fugindo?".

Diferenças entre o conceito do filme e do disco
Em uma resenha muito interessante que li sobre o filme, de Erico C. Pezzin (muito desta resenha se deve a visão dele sobre o filme), publicada no site Whiplash, se faz uma reflexão interessante sobre algumas disparidades entre o roteiro do filme e o conceito do disco.
A música Empty Spaces fala na verdade sobre a fase de pré-adolescencia, onde nossos desejos sexuais começam a aflorar, e o espaço vazio a que se refere o título é a necessidade de se relacionar com o sexo oposto.
Estes desejos se aprofundam ainda mais em Young Lust: "preciso de uma mulher safada...". Enquanto a letra da música sugere um "grande interesse" de Floyd por mulheres, no filme ele é o único que não participa da "festinha". Seria só nesta música então que ele conheceria sua mulher, e não em "Mother".

Continuando...
Don't Leave Me Now
Essa música mostra uma cena de arrependimento
Na origem da palavra, arrependimento quer dizer mudança de atitude, ou seja, atitude contrária, ou oposta, àquela tomada anteriormente.
O que víamos anteriormente em One of My Turns é um estado de euforia e raiva, o que vemos agora é o remorso e o medo da solidão.

"Não me deixe agora
Não diga que é o fim da estrada
Lembre-se das flores que enviei
Eu preciso de você Baby"

A personalidade impulsiva afasta as pessoas ao seu redor, e só percebemos isso quando estamos sozinhos. A solidão ensina aqui o valor da companhia.

Another Brick on the Wall (Parte 3)
Parece que estamos aqui diante de um caso de bipolaridade, uma variação extrema de humor.
Essa letra retoma a raiva de One of My Turns.

"Não preciso de braços em volta de mim
E não preciso de nenhuma
Droga para me acalmar
Eu vi a pichação na parede
Não vá pensar que eu preciso de coisa alguma
Não!não pense que precisarei
De coisa alguma
Ao todo, foram apenas tijolos no muro
Ao todo, vocês foram
Apenas tijolos no muro"

O estado que Waters se encontra nesse momento é fruto da somatória de todos os ocorridos em sua vida, a morte de seu pai seria um tijolo, sua educação seria outro tijolo, a superproteção de sua mãe outro tijolo, a traição de sua mulher outro tijolo em sua parede.
"Vocês não passam de tijolos no muro"

No filme de Alan Parker esse é o momento em que Pink arrebenta uma televisão e logo depois passam "flashs" de memória, onde relembra tudo o que aconteceu para ele estar naquela lamentável situação.

O muro está completo, logo em seguida, aparece Pink encarando seu próprio muro, tentando achar alguma passagem, alguma saída.
É nesse momento ele se da conta de quão alto esta esse muro, entrando assim num estado de extrema depressão.

Goodbye Crue World
"Adeus mundo cruel
Estou lhe deixando hoje
Adeus
Adeus
Adeus
Adeus para todas as pessoas
E não há nada que você possa falar
Pra mudar meu pensamento
Adeus.
"
A extrema depressão de Pink se revela ai, o mundo já não faz mais sentido, a visão de Alan Parker revela isso muito bem, como veremos abaixo.

Do mundo exterior para o mundo interior
Depois de se dar conta da altura do muro, Pink passa a não mais viver, interessante notar que apartir dai, o filme se torna de mais simbólico, Pink começa a viver apenas no mundo que há dentro de seu próprio muro, que aparitr de agora, deixa de ser uma abstração de sua mente e se torna de fato "real" (para ele).
A história se desenrola em duas linhas: a da vida real e a das viagens dentro do muro.

Hey You
Essa música não apareceu no longametragem de Alan Parker, mesmo assim vou analizar a música pelo conceito. Nela, vemos um pedido de ajuda, uma necessidade de atenção especial, pois sozinho ele se dá conta que não consegue se libertar do muro.

Ei você,
Você me ajudaria a carregar a pedra?
Abra seu coração, estou indo para casa

Mas era apenas fantasia
O muro era muito alto, como você pode ver
Não importa o quanto ele tentasse, ele não poderia se libertar
E os vermes comeram seu cérebro

Is There Anybody Out There ?

"Tem algúem aí fora?
Tem algúem aí fora?
Tem algúem aí fora?
Tem algúem aí fora?"

Pink se sentindo mais sozinho do que nunca, essa música com apenas uma frase exprime todo o anceio dele em querer se comunicar, de demonstrar seus sentimentos.

Nobody Home
Seguindo a mesma ideia de viagem ao mundo interior de Pink, essa música é uma espécie de jornada em sua memória, o conceito do disco pelo visto se torna cada vez mais onírico e de dificil compreensão.

"Eu tenho um pequeno livro preto
Com meus poemas dentro dele
Eu tenho uma bolsa com uma escova de dente
E um pente dentro dela
Quando eu sou um cachorro bonzinho
Ás vezes eles me jogam um osso
Eu tenho fitas elásticas que mantêm meus sapatos amarrados
Tenho aquelas vaidosas mãos azuis.
Tenho treze canais de merda na TV para escolher
Eu tenho luz elétrica
E eu tenho intuição
Eu tenho surpreendentes poderes de observação
E isto é o que eu sei
Quando eu tentar conversar
No telefone com você
Não haverá ninguém em casa
Eu tenho o obrigatório cabelo permanente de Hendrix
E eu tenho as inevitáveis queimaduras de alfinete
Todas debaixo da minha camisa de cetim favorita
Eu tenho mancha de nicotina nos meus dedos
Eu tenho uma colher prateada numa corrente
Eu tenho um grande piano para sustentar meus restos mortais
Eu tenho olhos selvagens
Eu tenho um forte desejo de voar
Mas eu não tenho para onde voar
Ooooh Baby quando eu pegar o telefone
Ainda assim não haverá ninguém em casa
Eu tenho um par de botas Gohills
E eu tenho raízes enfraquecidas."

Vera
"Alguém aqui se lembra de Vera Lynn?
Se lembra como ela disse que
Nos encontraríamos novamente
Num dia ensolarado
Vera! Vera!
O que aconteceu com você?
Alguém por aqui
Sente o mesmo que eu?"

Só para contextualizar, a dita Vera Lynn na música foi uma cantora inglesa que virou ícone na época da 2ª guerra mundial.
Na inglaterra, em todas as casas é possivel encontrar pelomenos um disco de vinil ou cd, ou ainda uma fita cassete dela.

A música reproduz uma das suas mais famosas canções, We'll Meet Again.
Essa música foi composta em 1942, em plena 2ª Guerra Mundia, e de imediato ganhou um apelo entre as pessoas que tinham alguem querido distante, separados pela guerra, sem saber ao certo, como tudo aquilo terminaria.
Essa música se tornou quase o hino oficial, o slogan da 2° Guerra.

Essa música não representa bem uma homenagem a cantora, não me parece essa a intenção, mas apenas se encaixar no conceito do disco.
O pai de Waters (Pink) morreu na 2° guerra, o que entra em contraponto coma a mensagem de esperança deixada na musica de Vera. Essa esperança já esta perdida, ele já perdeu seu pai, não tem mais como voltar."Vera! Vera!/O que aconteceu com você?"

Considerações especiais...
No filme de Alan Parker as canções "Is There Anybody Out There", "Nobody Home" e "Vera" são representadas por Pink vagando pelo mundo dentro do muro.
Essas músicas representam um período de reflexão sobre todos os motivos que deram origem a cada tijolo.
A mente de Pink vaga em cenas do seu passado, misturados a sua imaginação, fazendo ele imaginar coisas horriveis, como seu pai foi morto na trincheira, e logo depois vendo a si próprio, na idade adulta, abandonado em um canto de um sanatório.

Bring the Boys Back Home
Essa música ainda esta ambientada no tema "Guerra".
No filme de Alan Parker ela é representada num "flashback" de Pink, que se vê em uma estação ferroviária, onde desembarcam diversos soldados vindos da Guerra, e vários entes queridos destes soldados prontos para uma calorosa recepção.
Pink, fica na estação de trem, na expectativa de seu pai estar lá, mas ele não aparece, a estação se esvazia e ele fica sozinho.

Confortably Numb
Essa música é o limite máximo da tristeza, a depressão em seu cúmulo.
Não há nada mais o que se fazer, só lhe resta desisistir, nada mais importa, você se torna aqui um ser sem vida, incapaz de se comunicar, "
Seus lábios se movem, mas eu não consigo ouvir o que você está dizendo".

Quando se fala em "confortavelmente entorpecido", devemos ver não necessariamente como uma sensação de alívio, mas sim de conformação que não é necessariamente aliviatória.
A conformidade com os fatos e com a realidade, é de certa forma um suicídio, você é incapaz de reagir ao meio externo, e passa a literalmente estar morto em vida.

O interessante é que essa letra apresenta no mesmo plano o "mundo interior" e o "mundo exterior", e de como isso já não importa mais. O filme representa bem isso, mostrando simultânemanete o mundo real e o mundo "dentro do muro".

A visão de Alan Parker
No filme, há uma mistura entre cenas do mundo real e o do muro. Floyd está confortavelmente entorpecido em seu quarto, e é encontrado pelos empresários e companheiros de banda. Os médicos tentam reanimá-lo com uma injeção ("Ok, é apenas uma picadinha de agulha!"), ao mesmo tempo em que as péssimas lembranças de sua vida perturbam a mente do personagem.
Há um momento crucial na historia que é quando Floyd consegue se livrar da sua pele, e por debaixo dela, aparece um uniforme militar com o desenho de 2 martelos cruzados.

O sentido dos martelos.
O martelo no conceito do filme, representa desejo intrínseco do personagem destruir o muro, em se libertar das angústias e viver normalmente.
Pink construiu esse muro para se isolar do mundo, e agora quer derrubá-lo.
Para entender esta aparente contradição você deve se colocar no lugar da personagem.
O isolamento (ou o muro), não foi algo desejado por Pink, foi consequência de fatores externos que o impeliram a ele formar essa parede, um desejo do seu inconsciente em se isolar.
Citando um pouco de psicologia, esse isolamento social involuntario é descrito por Freud como um mecanismo de defesa como qualquer outro. Não se caracteriza portanto numa escolha consciente e racional do personagem.

continuando...
The Show Must Go On
Essa música é uma das que não foram incluídas no filme de Alan Parker.
Ela parece ser uma continuação temática da Confortably Numb.
Tem uma parte em Confortably Numb que diz
"O.K. Apenas uma picadinha Não haverá mais... aaaaaahhhhh! Mas você pode se sentir um pouco enjoado Pode se levantar? Acho que está funcionando, ótimo. Isso vai te manter acordado durante o show Vamos, está na hora de ir"

Essa música parece se ambientar mais em um momento da vida artística de Roger Waters.
Ele teria ficado hiperdepressivo antes de um show e para poder continuar a apresentação deve ter tomado uma injeção de ânimo, que pode ser muito bem interpretado como uma droga.

In the Flesh
Depois de ter chega ao "fundo-do-poço" em Confortably Numb, uma personalidade mais obscura e odiosa se aflora fazendo com que ele torna-se uma outra pessoa.

"Pink não está bem, ele ficou no hotel
E eles nos mandaram pra cá com uma banda substituta
Nós vamos descobrir o quanto fãs vocês realmente são"

A sua personalizade é representada metaforicamente como a de um nazista.

"Há alguma bicha no teatro esta noite?
Ponha-os contra o muro!
Lá está um na luz do holofote, ele não parece direito pra mim
Ponha-os contra o muro!
Aquele parece ser judeu!
E aquele é um negro!
Quem deixou toda essa escória entrar?
Tem alguém fumando maconha e outro com manchas!
Se eu tivesse minha chance
Eu fuzilaria todos vocês! "

Run Like Hell
Segue a mesma linha de ódio da música anterior.
No filme de Alan Parker, tanto a música "In the Flesh" quanto a "Run Like Hell" fazem parte de uma sequência de cenas em um grande auditorio, representando metaforicamente um lider político nazi-fascista.

"É melhor você colocar aquele seu disfarce favorito, com os olhos cegos de botão..."

As mesmas máscaras apresentadas na cena de Another Brick on The Wall (Parte 2) são apresentadas também nessa sequência, também coma função de passar a mesma idéia de alienação, massificação e destruição da individualidade.

Waiting for the Worms
Essa música retoma o espirito de depressão visto na musica Goodbye Cruel World.
Waiting for the Worms
pode ser interpretado como uma espera pela morte, considerando o processo de decomposição do corpo, onde os vermes vem se alimentar dos cadáveres.

"Sentado numa arca aqui atrás do meu muro
Esperando os miseráveis chegarem
Num isolamento perfeito aqui atrás do meu muro"

Isolado em seu mundo dentro do muro, não lhe resta muito o que fazer a não ser esperar pelos vermes, esperar pela morte.
Considerando os vermes como uma metáfora para morte, há uma passagem interessante na letra.

"Você gostaria de ver a Grã Bretanha
Reinar novamente meu amigo?
Tudo que você tem a fazer é seguir os vermes
Você gostaria de enviar nossos primos coloridos
Para casa novamente meu amigo?
Tudo que você precisa fazer é seguir os vermes."

Aqui vai uma crítica direta aos nacionalistas, no caso, os bretões nacionalitas, aqueles que ainda sonham com a volta da supremacia do seu povo.
O que eles precisam fazer é apenas "seguir os vermes", que pode ser entendido aqui nesse trecho como o exército.
Foi pelo ideal de nacionalismo que o pai de Waters morreu numa guerra, fazendo dessa música além de uma crítica, uma leve representação de uma amarga lembrança.
A visão de Alan Parker.
"Waiting for the Worms", além de fazer referência à enganosa propaganda nazista, é o momento da guerra entre os "martelos" e os "tijolos". Representa nossa luta contra o isolamento e suas causas.
Vemos isso muito bem representado na parte animada da música, onde aparecem vários martelos "marchando" em direção a uma parede.

Stop
O muro é mais forte, e em "Stop", Floyd se cansa de lutar. Em seu devaneio, ele é preso por ser "nazista". Na linha real, o guarda encontra "Floyd" cansado do show e sentado no canto de um sanitário, bebericando um pouco da água da privada.

The Trial
Para mim, essa é a música conclusiva do disco.
A cena no filme de Alan Parker é toda feita em animação, onde cada pessoa que participa da sessão é representada por um desenho louco.
Floyd vira apenas um simples boneco de pano, sem movimento, sem vida, ilustrando a incapacidade dele de se defender das acusações.
Na cena podemos perceber a presença do professor, representado por um fantoche, a mãe (onde o abraço dela se transforma em um muro, a esposa, representada ora por uma serpente, ora por um escorpião.
Temos também "a sociedade" representada por uma única entidade, justamente a entidade julgadora, o Juiz. Ele é então posto como culpado por construir seu proprio muro, e este Juiz (a sociedade) exige que ele "derrube o muro".
A sociedade exige isso dele, não se importando se os motivos que levaram Floyd ao isolamento são válidos. O que importa é que Floyd é um isolado e não pode mais sê-lo. Portanto, o muro deve ser quebrado. E assim se faz.
Imaginamos os padrões de aceitação da sociedade como um círculo, todos dentro desse círculo são pessoas normais, e qualquer um que esteja fora desse círculo deveria ser surrado, quebrado, refeito e trazidos de volta para dentro do circulo.


Promotor:
Bom dia, verme sua excelência.
A coroa pretende mostrar que
O prisioneiro diante de você
Foi pego em flagrante mostrando sentimentos
Mostrando sentimentos de uma natureza quase humana;
Isto não presta
Chamem o mestre!

A primeira acusação vinda do promotor é do crime de ter mostrado seus sentimentos.
Essa é uma acusação é vista como um crime cometido a sí mesmo, é importante ler a letra de "Stop"pois ela é a causa dele ter sido posto no tribunal.

"Pare
Eu quero ir pra casa
Tirar esse uniforme
E deixar o show
E eu estou esperando aqui nesta cela
Porque eu preciso saber
Se fui o culpado todo esse tempo"

Depois da morte de seu pai, e depois dele ter se tornado aquilo que mais odeia (um tipo de "nazista"), a música Stop representa um sentimento de cansaço e remorso.
O remorso é a inquietação da consciência por uma culpa, é um sentimento de natureza humana, e é o primeiro passo para o encontro do bem, considerando que ele não existe onde o senso moral ainda se acha em estado latente.
Parte da sua consciência tenta trazê-lo de volta a seu estado anterior, considerando o remorso como algo inútil, "Isto não presta".

"Professor:
Sempre disse que não daria boa coisa, excelência.
Se me deixassem fazer à minha maneira
Eu o colocaria na linha.
Mas minhas mãos estavam atadas,
Os mais sensíveis e os artistas
Perdoavam-lhe tudo.
Deixe-me martela-lo hoje?"

O professor aparece em cena e acusa o motivo do estado lastimavel de Pink como falta de disciplina, e ele se habilita, naquele momento, em corrigi-lo, "Deixe-me martela-lo hoje?".

"Esposa de "Pink":
Seu bostinha agora você está nessa,
Tomara que eles jogem a chave fora.
Você deveria ter falado mais vezes comigo
Mas, não!tinha que ser
Do seu jeito, destruiu muitos
Lares ultimamente?
Apenas cinco minutos, verme sua excelência,
Ele e eu, sozinhos."

Em cena aparece a esposa de Floyd, reclamando que seu papel de marido não foi feito, e a traição se deu por esse motivo. Você deveria ter falado mais vezes comigo.

"Mãe de "Pink":
Filhiiiiiiiiiinho!
Vem com a mamãe filhinho,
Deixe-me segurá-lo
Em meus braços.
Senhor nunca quis que ele causasse
Algum problema.
Por que tinha que me deixar?
Verme, sua excelência, deixe-me levá-lo para casa."

Entra em cena a mãe, representando ainda o seu papel de super-protetora, infantilizando o personagem, e todo aquele seu afeto materno, irônicamente se transforma num enorme muro.

A sentença do Juiz:
A prova apresentada à corte é incontestável,
Não há necessidade do Júri se retirar.
Em todos meus anos de magistrado
Nunca ouvi de um caso
De alguém que merecesse tanto
A pena máxima da Lei.
A forma como fez sofrer,
Sua mãe e sua exótica esposa,
Me enche de vontade de defecar!

O Juiz, que representa a sociedade, condena o isolamento de Pink como algo repugnante.
Seu afastamento fez pessoas ao seu redor sofrerem, e como foi dito, pouco importa se seus motivos são ou não válidos.
O papel da comunicação social deve ser realizado, mesmo que contra sua propria vontade. Ou seja, o papel de bom marido, do bom filho, do bom aluno, do bom cidadão e todas essas convenções sociais devem ser seguidas a risca, conforme manda os roteiros da convivência social.
Qualquer coisa fora desses padrões é anômala e deve ser combatida

"Desde que,meu amigo,
Você revelou seu
Medo mais profundo,
Eu lhe sentencio a se expor
Aos seus semelhantes.
Derrubem o muro!"

Ter o muro derrubado significa ter suas idéias expostas e ridicularizadas pela sociedade, a voltar a ser chamado de “alienado” pelas pessoas que se julgam normais.

Outside of the Wall

"Sozinhos, ou de dois em dois
Aqueles que realmente te amam
Caminham de cima embaixo e do outro lado do muro
Alguns de mãos dadas
Outros juntos em bandos
Os de bom coração e os artistas
Na posição deles
E quando eles deram á você tudo de si
Alguns cambalearam e caíram, apesar disso tudo não ser fácil
Batendo seu coração contra alguns vagabundos malucos
Muro "

Floyd está fora do muro, e consegue enxergar as outras pessoas.
Vemos o que as pessoas estão fazendo, no filme, aparece uma cena com um monte de crianças recolhendo tijolos do chão. Elas formaram seu próprio muro durante suas vidas, e todo esse sentimento angústiante será presenciado na vida de cada uma delas.

Considerações finais.
The Wall é simultaneamente uma obra de muita subjetividade e muita objetividade.
Além da dissecação da consciência humana de Floyd, esse disco é uma obra de protesto contra o mundo e suas convenções sociais, uma severa crítica as pessoas que o formam.
Waters definiu bem cada fator que influênciou na construção desse muro, fatores internos e externos.
O Governo e a guerra lhe tiraram o pai, sua mãe aprofundou seu isolamento com sua superproteção, a escola alienou todos a sua volta, e a mulher o traiu por causa do desinteresse que, por sua vez, foi gerado pela revolta contra os fatos acima citados.
Para Floyd, o mundo estava errado. Mas para o mundo, quem estava errado era Floyd. Ele era o isolado, o diferente, o louco.